LUSA
21/09/2013 - 19:43
Projecto de Pedro Teixeira aproveita vides para a elaboração de um
papel "resistente" e com "menor impacto ambiental".
Resíduos de vides das vindimas do Douro dariam para mil toneladas de
papel PAULO RICCA
O projeto Da_Vide apresenta este domingo, em Matosinhos, vários tipos
de papel e cartão constituídos exclusivamente por fibras de vides,
cujos resíduos queimados anualmente no Douro poderiam resultar em
aproximadamente mil toneladas de papel. A apresentação destes
materiais vai ser feita no "Mercado Consciente e Saudável".
Esta iniciativa marca também o primeiro aniversário do projecto que
está a ser desenvolvido por Pedro Teixeira, a residir em Peso da
Régua, e que se propõe aproveitar as vides. Trata-se de resíduos
resultantes da limpeza das videiras após as vindimas, e que, até
agora, estavam a ser desperdiçados. Teixeira estima que as vides
produzidas e queimadas todos os anos na Região Demarcada do Douro
poderiam resultar em aproximadamente mil toneladas de papel.
Segundo o investigador, as aplicações para estes materiais vão desde o
artesanato, à produção energética, indústria, componentes e
acessórios, engenharia e tecnologia e ainda 'design', decoração e
moda. Agora, Pedro Teixeira avança com o papel e cartão 100%
ecológico, que tem como "vantagem importante o facto de ser obtido a
partir de resíduos, não implicando o abate de árvores".
"A utilização de vides evita ainda que as mesmas sejam queimadas
reduzindo-se as emissões de CO2", salientou o investigador referindo
ainda a "não utilização de químicos na produção" do papel como um
"aspecto muito relevante do ponto de vista ambiental". E, segundo
acrescentou, as características "muito especiais das fibras utilizadas
permitem a obtenção de papéis que apresentam uma suavidade invulgar".
Pedro Teixeira disse que foram desenvolvidos processos de produção que
diferem significativamente dos habitualmente utilizados neste tipo de
materiais. Destaca o processo de "extracção e selecção de fibras",
sendo, na sua opinião, "a mais relevante inovação a utilização de
campos magnéticos, sem consumo energético, que geram uma distribuição
espacial e temporal de forças que garante uma ligação mais eficiente
das fibras". O resultado é, segundo Pedro Teixeira, um papel "mais
resistente sem recorrer a colas ou outros aglomerantes".
O desenvolvimento destes materiais constitui também, para Pedro
Teixeira, um "passo importante" no projecto "Vinho do Porto com ciclo
fechado na vinha", uma vez que "já torna possível a produção eficiente
de rótulos e das caixas das garrafas de vinho". Até ao final do ano
serão apresentados vários tipos de madeira, assim como materiais
semelhantes à cortiça, também construídos com fibras de videira. Desta
forma, para o investigador, será possível produzir de forma eficiente
as caixas em madeira e as rolhas.
No âmbito do "Da_vide" foi criado o "combustível sólido inteligente",
que queima à medida, com mais chama ou mais brasa, quer seja para um
assador ou para uma lareira, e a "super madeira", um material cuja
matéria base é igual às madeiras naturais, mas em que as fibras de
vide são estruturadas de forma diferente, permitindo, por exemplo,
obter uma resistência mecânica muito superior em todas as direcções,
num aglomerado mais leve e facilmente moldável, na fase de produção.
http://www.publico.pt/ecosfera/noticia/residuos-das-vindimas-transformados-em-papel-e-cartao-1606632
Sem comentários:
Enviar um comentário