27 de Fevereiro, 2011
Portugal só consegue produzir 74 por cento da carne que consome,
refere um estudo que o observatório das importações alimentares hoje
divulgou e que dá conta de uma dependência das importações no sector,
quando aumentam os preços dos bens alimentares.
O Observatório dos Mercados Agrícolas e das Importações
Agro-Alimentares (OMAIAA) alerta que o aumento da produção de carne
«não tem sido suficiente para acompanhar o crescimento do consumo
nacional de carne, pelo que a dependência da oferta externa é uma
característica que se acentua nesta fileira».
De acordo com o estudo do OMAIAA, o grau de auto aprovisionamento
total médio no sector da carne fica perto dos 74 por cento, com maior
produção no sector das carnes de aves, em que Portugal quase se basta
a si próprio e uma baixa capacidade de auto-aprovisionamento nas
carnes de bovino, suíno e ovino e caprino.
«Na última década, tem havido um pequeno crescimento generalizado em
quase todos os sectores da produção animal. No entanto, do ano 2008
para 2009, houve um decréscimo nos sectores da carne de bovino, suíno
e ovino e caprino, sendo o das aves e ovos o único cuja produção subiu
dois por cento nestes dois anos», refere a análise do observatório.
Portugal consegue assegurar 92 por cento da produção de carne de aves,
mas a produção das restantes «apresenta valores reduzidos», em
especial na carne de bovino, em que a produção se fica pelos 52 por
cento, acrescenta o estudo.
«Face ao grau de auto-aprovisionamento registado, o saldo da balança
comercial é, no geral, acentuadamente negativo. A pressão da oferta
externa faz-se sentir em todo o sector da carne com muita intensidade,
com os principais fornecedores a pertencerem à União Europeia, os
quais asseguram 95 por cento do volume importado», refere.
«No entanto, nos últimos anos tem vindo a aumentar o volume de
importações de países terceiros, em particular da América do Sul»,
referem ainda as conclusões deste estudo sobre a evolução da balança
de pagamentos no sector das carnes.
As variações nos preços dos cereais e da soja - bases das rações para
alimentar animais - contribuem também, segundo o OMAIAA, para a
incerteza nos preços da carne, cuja produção representa cerca de um
quarto da produção agrícola portuguesa.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e
Alimentação (FAO), os preços das matérias-primas alimentares estão aos
níveis mais altos de sempre.
Os números do Instituto Nacional de Estatística mostram que o saldo
entre as exportações e as importações de alimentos - o défice
alimentar - aumentou 23,7 por cento entre 1999 e 2009, totalizando 3,3
mil milhões de euros.
O Banco Mundial alertou recentemente que o preço dos bens alimentares
aumentou 15 por cento em média, entre Outubro de 2010 e Janeiro de
2011.
Lusa/SOL
http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=12814
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