Preços em novos máximos
04.03.2011 - 09:27 Por Lusa
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Aumento da pobreza, instabilidade política e social, escassez de
alimentos: as consequências da escalada de preços das matérias-primas
preocupam o mundo e puseram o tema da segurança alimentar na ordem do
dia.
Basílio Horta e o Bloco lançaram repto ao Governo sobre reserva alimentar
(Enric Vives-Rubio)
Em meados de Fevereiro, o presidente do Banco Mundial, Robert
Zoellick, reforçou as preocupações que se arrastam há vários meses,
afirmando que os preços dos alimentos estão a atingir um nível de
alerta e apelou aos dirigentes das vinte principais economias mundiais
(G20) para darem prioridade à alimentação em 2011.
Antes, o ministro da Agricultura francês, Bruno Le Maire, já tinha
avisado que os tumultos originados pelos preços dos alimentos serão
inevitáveis se as nações industrializadas não encontrarem soluções
para a subida dos preços.
Mas os apelos têm tido poucos resultados práticos, a avaliar pela
declaração final do encontro do G20, que teve lugar entre 18 e 19 de
Fevereiro.
Os dirigentes discutiram o impacto da subida dos preços, mas
limitaram-se a pedir relatórios sobre as causas e desafios que esta
volatilidade coloca aos consumidores e produtores e a reiterar "a
necessidade de um investimento a longo prazo no sector agrícola nos
países em desenvolvimento".
Preços não param de subir
Em Fevereiro, pelo oitavo mês consecutivo, os alimentos voltaram a
subir de preço, segundo o índice mensal publicado pela Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
A FAO revelou, na quinta-feira, que o índice atingiu os 236 pontos em
Fevereiro, mais 2,2 por cento do que em Janeiro, o valor mais elevado
em termos reais e nominais dos últimos 20 anos, altura em que a esta
organização começou a monitorizar os preços.
Os responsáveis do Programa Alimentar Mundial, a agência das Nações
Unidas que fornece alimentos a cerca de 100 milhões dos mais pobres
habitantes do mundo, alertaram para uma potencial "tempestade
perfeita" que resulta da combinação de custos galopantes, tragédias
climáticas e instabilidade política.
Países fortemente dependentes de importações alimentares, como os
Emirados Árabes Unidos, anunciaram já a criação de uma reserva
estratégica de alimentos, água e medicamentos para fazer face a
situações de emergência.
A Coreia do Sul, o terceiro maior importador mundial de milho, também
pretende criar uma reserva de cereais, juntando-se a outras nações
asiáticas que estão preocupadas com os preços elevados dos alimentos e
a possibilidade de agitação social.
AICEP e Bloco alertaram em Portugal
Por cá, a ideia não desperta entusiasmo, apesar do presidente da
Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP),
Basílio Horta, e o Bloco de Esquerda, terem lançado o repto ao
Governo.
O ministro da Agricultura, António Serrano, entende que Portugal não
tem condições para criar uma reserva alimentar e defende que o combate
ao aumento do preço dos alimentos passa por uma maior capacidade de
produção dos países.
Além disso, para António Serrano esta é uma questão que deve ser
coordenada a nível internacional.
"Não é viável que um país qualquer possa ter uma política própria
fechada sobre esse tema", salientou.
http://economia.publico.pt/Noticia/seguranca-alimentar-preocupa-lideres-mundiais_1483218
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