OPINIAO
Escrito por Susana Ramos
MIRANDA DO CORVO
A funcionar a "meio gás" nestes últimos anos, o Centro de Biomassa
para a Energia (CBE), em Miranda do Corvo, está prestes a ganhar nova
vida depois da homologação, ontem, de dois protocolos de cooperação.
Um deles, entre a Direcção Geral de Energia e Geologia e o CBE, prevê
um investimento que poderá chegar aos 250 mil euros e visa a criação
de um sistema de rastreamento da biomassa e controlo dos centros
electroprodutores, assim como a criação de um plano piloto para a
gestão da biomassa numa região intermunicipal. O outro, entre o CBE, o
Instituto Financeiro de Agricultura e Pescas e a Autoridade Florestal
Nacional (AFN), visa o financiamento, ao abrigo do Fundo Florestal
Permanente, para a modernização do laboratório especializado em
biocombustíveis sólidos (LEBS), num valor que pode ir até aos 150 mil
euros.
Na cerimónia de ontem, o CBE contou com a presença do secretário de
Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Rui Barreiro, que fez
questão de conhecer as instalações e salientar que, com estes
protocolos, o CBE «fica a ganhar», mas aumenta também «a
responsabilidade», na medida em que «quando os apoios chegarem, é
necessário transformá-los».
«São decisões para o futuro, é preciso acreditar que estamos a dar
instrumentos de desenvolvimento, não só do CBE, mas de toda a região»,
referiu o governante, após a assinatura dos dois protocolos de
cooperação, sublinhando que «um cluster de bioenergia é essencial». E
é essencial porque, explicou o presidente da assembleia-geral do CBE,
Marques Mendes, «é um projecto industrial, cria postos de trabalho,
sem esquecer o contributo para a redução dos fogos florestais» e para
a manutenção da fileira florestal. Em suma, defendeu o ex-líder
social-democrata, «é indispensável para o país como o pão para a
boca».
«Esta é uma belíssima instituição e está, de facto, um pouco
desaproveitada», assumiu ainda Marques Mendes, considerando que «este
é um momento que pode marcar uma viragem, uma outra atenção para a
problemática da biomassa». E falando em mudança de perspectiva, o
presidente da assembleia-geral do CBE fez questão de assinalar a boa
articulação entre a Secretaria de Estado das Florestas e
Desenvolvimento Rural e a Secretaria de Estado da Energia e Inovação,
no que toca à área dos biocombustíveis.
Há 20 anos a
apostar na biomassa
Para a presidente do Conselho de Administração do CBE, Piedade
Roberto, os apoios ratificados ontem pelo Governo, «são extremamente
importantes», não só porque o CBE «tem sempre a barreira da falta de
verba», mas essencialmente porque permitirá uma nova etapa para o
centro. Isto, porque como explicou à margem da cerimónia, a
requalificação do laboratório vai conceder-lhe novos equipamentos, que
permitirão «a criação de estruturas para a recolha de biomassa,
dinamizar outro tipo de análises e alargar o âmbito de actividades do
laboratório». Por outro lado, referiu ainda, a criação de um sistema
de rastreamento possibilitará «o controlo de toda a cadeia da
biomassa», bem como a «verificação da biomassa que é consumida nas
centrais». Estes apoios «não são uma realização, são apenas o começo
de uma nova etapa», concluiu a dirigente.
Criado em 1988, através de um projecto lançado pela Secretaria de
Estado da Energia, o CBE tem «um currículo alargado de trabalhos
nacionais e de cooperação europeia, que lhe permite ter hoje o domínio
de matérias científicas e técnicas, adquirido em 20 anos de actividade
na área da biomassa», lê-se no site do CBE. É uma associação privada,
sem fins lucrativos, dotada de Utilidade Pública, cuja finalidade é
promover a utilização da biomassa para a produção de energia.
http://www.diariocoimbra.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=11589&Itemid=135
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