segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Acordo PSD/PS/CDS-PP para a floresta

Em entrevista ao Jornal de Negócios, no passado dia 21 de Novembro, o
secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural
manifestou vontade em almejar um acordo político de longo prazo para a
floresta.

Na entrevista, o secretário de Estado parece ainda corroborar da
postura do CEO da Portucel, ao alegar que a política partidária
prejudica o desenvolvimento do sector florestal.

Regista-se a propósito o acordo, obtido por unanimidade, com a
aprovação pelo Parlamento da Lei de Bases da Política Florestal, no
ano de 1996 (Lei n.º 33/96). Curiosamente, uma iniciativa lançada pelo
então ministro Fernando Gomes da Silva. Todavia, apesar deste acordo
parlamentar (onde não parece comprovada a disputa político-partidária
no caso das florestas), os vários executivos foram até hoje incapazes
de concluir a regulamentação da Lei. Já lá vão 17 anos, sendo que 2
deles ocorreram já no consolado da ministra Assunção Cristas. Medidas
e instrumentos de política florestal, então consideradas essenciais,
estão ainda por legislar (nenhum deles corresponde ao perfil do
Decreto-Lei n.º 96/2013, a grande iniciativa política deste Ministério
para o sector florestal).

Não será estranho contudo o desejo de acordo entre a actual equipa
ministerial e o Partido Socialista. Ao contrário do enunciado no
programa eleitoral do CDS-PP (ou mesmo do PSD), a ministra Assunção
Cristas e os seus secretários de Estado para o sector têm aplicado o
disposto no programa eleitoral do PS de 2011, na aposta em acentuar o
apoio do Estado à indústria papeleira. O Decreto-Lei n.º 96/2013 é
disso um exemplo esclarecedor, mas outros podem estar em preparação.

Não deixa de ser curiosa a afirmação de que o DL 96/2013 não é uma
medida de política florestal, mas de desburocratização do Estado. Não
fosse uma demonstração de hipocrisia política, seria irónico.

Não há assim surpresa quanto à intenção deste anúncio pelo secretário de Estado.

Esperamos contudo que exista bom senso num eventual acordo
PSD/PS/CDS-PP, sendo que na base está actualmente:

Uma Estratégia Nacional para as Florestas inconsistente;

Um proteccionismo de Estado à indústria de trituração, que vem
provocando o declínio progressivo da silvicultura; e,

Uma aposta avulsa da actual equipa ministerial nas arborizações e
rearborização, sem que esteja assegurada (técnica e financeiramente)
uma adequada gestão florestal, mas onde esta garantida a incapacidade
em assegurar a redução da meta de 100 mil hectares ardidos em cada
ano.

Infelizmente, há algo que, estamos em querer que involuntariamente,
parece consubstanciar um acordo político durável, a incapacidade para
conter os riscos ao investimento florestal.

Lisboa, 30 de Novembro de 2013
A Direcção da Acréscimo

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2013/11/30a.htm

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