O presidente da comissão de comércio internacional do Parlamento
Europeu, Vital Moreira, afirmou hoje em Bali que, após a
inflexibilidade demonstrada pela Índia, o falhanço das negociações
para um acordo na Organização Mundial do Comércio (OMC) é o cenário
"mais provável".
"O falhanço é neste momento, lamentavelmente, a hipótese mais
provável. Se tivesse de apostar, apostaria 80 por cento de hipóteses
de falhanço", afirmou o responsável português em declarações à agência
Lusa à margem da reunião ministerial da OMC de quatro dias, que
termina sexta-feira, naquela ilha da Indonésia.
O ministro do Comércio indiano, Anand Sharma, fez saber que o país não
poder aceitar o `pacote` de medidas que estão neste momento em cima da
mesa das negociações "tal como está actualmente".
O "pacote de Bali" já permitiria à Índia não ser alvo de queixas
dentro da OMC ao ultrapassar os 10 por cento de subsídios à compra de
alimentos durante quatro anos, mas o país deseja uma solução
permanente, "aparentemente por razões eleitorais internas", disse,
falando em "show-off" do país asiático.
Se a Índia mantiver a defesa de uma solução permanente será
"impossível obter um acordo em dois dias", e serão necessários meses
para se chegar a um acordo, advertiu Vital Moreira, apontando como uma
via possível no curto prazo "um acordo na base de um compromisso
político" de que "a exigência da Índia seria considerada em certos
termos".
A outra alternativa possível, para o responsável português, seria os
Estados Unidos avançarem para uma discussão mais ampla que incluísse
um compromisso entre concessões na agricultura e concessões na área do
comércio de bens e serviços.
O "pacote de Bali", menos ambicioso do que o previsto na Ronda de
Doha, poderá ser o primeiro acordo da OMC, organização criada em 1995,
depois de anos de impasse.
Vital Moreira alertou que "os países mais pobres de que a Índia
presume ser defensora" e onde se incluem os Países Africanos de Língua
Oficial Portuguesa (PALOP), com excepção de Cabo Verde, estão
preocupados.
Assim, o chefe da delegação do Parlamento Europeu na reunião de Bali
acredita que a questão ainda possa ser resolvida pela "pressão" que
possa ser posta à Índia pelos países "pobres, que serão aqueles que
serão mais prejudicados se houver aqui um falhanço".
A falta de acordo não seria apenas negativa para os países mais
necessitados, mas também para a OMC, que ficaria enfraquecida,
advertiu, frisando que todos perderiam com isso.
O acordo em discussão entre os 159 membros da OMC envolve, para além
do tópico da agricultura, um pacote de ajudas aos países em
desenvolvimento e um acordo de facilitação comercial nas fronteiras,
que beneficiaria também o acesso dos países desenvolvidos, como
Portugal, aos países em desenvolvimento.
Fonte: Lusa
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2013/12/04c.htm
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