Por Agência Lusa, publicado em 23 Maio 2012 - 08:18 | Actualizado há 7
horas 28 minutos
O presidente do Fórum para a Competitividade, Pedro Ferraz da Costa,
diz que os ministérios da Agricultura e da Economia "estão a ser uma
grande deceção" num Governo com nota globalmente positiva, mas que
está atrasado nas reformas estruturais.
Em entrevista à Lusa, o antigo líder da Confederação da Indústria
Portuguesa (CIP), elogia a coragem do ministro das Finanças e do
primeiro-ministro e a inversão de rumo operada no país, mas critica os
ministérios setoriais, nomeadamente "a Agricultura e a Economia", por
as coisas andarem "devagaríssimo".
Para o empresário, esta falta de velocidade não resulta apenas da
crónica demora que existe em Portugal para alterar legislação. Mesmo
"ao nível da execução e de coisas mais simples, esses dois
ministérios, que são os que estão mais perto da atividade económica,
estão a ser uma grande deceção".
Ferraz da Costa é especialmente crítico em relação ao ministro da
Economia: "Ninguém espere que o ministro da Economia seja capaz de
explicar seja o que for. Ele não tem essa capacidade. Boa parte das
coisas que diz transformam-se rapidamente num motivo de chacota",
lembra o empresário.
O líder do Fórum para a Competitividade admite que este seja um
problema relativo a todos os ministros da Economia pelo facto se ser
deles que se esperam boas notícias em tempos de crise, mas garante que
"também é um problema do ministro ou pelo menos é um ministro que não
parece estar muito adaptado às necessidades do lugar".
Ferraz da Costa reconhece competência ao ministro nas áreas
económicas, mas também se diz convencido de que Álvaro Santos Pereira
"não conhecia o país" e nota que o ministro "não tem conseguido
assegurar um ritmo de alteração em relação às reformas estruturais".
"Ou é incapacidade dele ou aceita uma situação organizacional dentro
do Governo que não permite fazer isso e nessa altura... se estivesse
nessa situação ia-me embora", conclui o antigo líder da CIP.
A lentidão do Ministério da Agricultura e da Economia e o atraso na
implementação de reformas estruturais são, aliás, as grandes críticas
que o empresário faz ao Governo o que o leva a defender a necessidade
de "um grande responsável pelas reformas estruturais".
Por outro lado, Ferraz da Costa identifica "um problema de repartição
de esforços dentro do Governo".
"Cada vez que o primeiro-ministro diz que temos de ter as finanças
públicas endireitadas antes de partimos para o crescimento - o que
percebo - está ao mesmo tempo a passar ou a tirar a noção de urgência
aos ministros que têm de tratar das reformas estruturais", refere o
presidente do Fórum para a Competitividade.
Apesar das críticas, Ferraz da Costa dá uma nota globalmente positiva
ao Governo tendo em conta "a inversão de rumo feita" em relação à
situação "muito angustiante" em que o País se encontrava e que,
segundo este responsável, poderia ter levado Portugal a entrar "numa
rutura desorganizada".
Como ponto positivo, este responsável lembra ainda que "o Governo
convenceu a opinião pública interna, os mercados financeiros e as
organizações internacionais de que era capaz de controlar a política
orçamental".
"Quer o ministro das Finanças quer o primeiro-ministro estão de
parabéns com a coragem com que dizem sempre: queremos cumprir com as
metas que foram estabelecidas, queremos honrar os compromissos, vamos
tentar ir para o mercado em 2013, e cada vez deve ser mais angustiante
dizer isso, mas há uma persistência que me parece muito importante em
termos de enquadramento", conclui Ferraz da Costa.
Mais difícil é responder à questão se Portugal está hoje melhor ou
pior do que há um ano.
Ferraz da Costa nota que houve uma interiorização de que não há
dinheiro, mas critica a ausência de "qualquer discussão positiva"
sobre as alterações que tinham de ser feitas "no nosso modo de viver
económico e o interesse que essas alterações teriam para as pessoas".
E nesse aspeto o Governo tem "uma responsabilidade grande", adianta,
porque "não tem conseguido dar qualquer visibilidade à parte positiva
das alterações estruturais" e, ao mesmo tempo, tem mostrado "alguma
fraqueza, atraso e lentidão na implementação de algumas das reformas".
http://www.ionline.pt/portugal/ministros-da-economia-agricultura-sao-grande-decepcao-diz-pedro-ferraz-da-costa
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