Pingo Doce: produtores pagam fatura do 1.º de maio
A denúncia partiu do presidente da Centromarca, que representa mais de
50 empresas e 900 marcas. O Pingo Doce não comenta.
9:48 Sexta feira, 25 de maio de 2012
Promoções do Pingo Doce poderão colocar em risco os produtores
nacionais, alerta a Centromarca
Estela Silva/Lusa
O Pingo Doce abordou ao longo das últimas semanas diversos produtores
nacionais com o objetivo de aumentar, por exemplo, entre 2 a 3,5% das
suas margens de lucro a partir de maio.
A denúncia partiu do presidente da Centromarca - Associação Portuguesa
de Empresas de Produtos de Marca, que não tens dúvidas de que se trata
de uma consequência das campanhas de megadesconto.
"A campanha [do 1.º de maio] e as campanhas subsequentes já estão a
começar a ser pagas", disse à TSF João Paulo Girbal.
Contactado por esta estação de rádio, que avança a notícia esta manhã,
o Grupo Jerónimo Martins, proprietário desta cadeia de supermercados,
não quis comentar.
Recorde-se que em entrevista à SIC Notícias a 9 de maio, questionado
sobre quem pagaria a fatura da campanha do 1.º de maio, o presidente
do Grupo Jerónimo Martins, Alexandre Soares dos Santos, afirmou
categoricamente: "Não vamos apresentar nenhuma fatura e não entramos
em contacto com nenhum fornecedor" (ver artigos relacionados).
Produtores em risco
Mas o presidente da Centromarca assegura que não é isso que está a
acontecer. "Aquilo que está a ser pedido a cada um dos produtores
poderá não ser exatamente a mesma coisa. Os temas andam à volta de um
aumento de margem pedido pelo distribuidor, que variará entre os 2 e
os 3,5% a partir de maio; uma verba em valor absoluto que o produtor
teria que entregar ao Pingo Doce; uma renegociação de contratos e
verbas para reforço de contratos", explicou João Paulo Girbal.
Para além do Pingo Doce, o presidente da Centromarca, que representa
mais de 50 empresas e 900 marcas, admite que faturas semelhantes
poderão estar a ser apresentadas aos produtores nacionais por outras
cadeias de distribuição alimentar.
"As notícias que eu tenho referem-se mais ao Pingo Doce, mas a partir
do momento em que começa a haver outras campanhas, a situação
alarga-se. Estão a ser pedidas comparticipações em algo em que a
produção não foi vista nem achada", disse.
"A prazo, o que nós vemos é o desaparecimento do emprego, da produção
local, aquela que se faz em Portugal, e um eventual aumento das
importações nas áreas em que deixamos de ter capacidade produtiva".
http://expresso.sapo.pt/pingo-doce-produtores-pagam-fatura-do-1-de-maio=f728524
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