terça-feira, 15 de maio de 2012

ONU inicia nova ronda negocial sobre o clima

14.05.2012
Ricardo Garcia

Eliminar o hiato entre o que os países estão a fazer e o que dizem que
estão a fazer para conter o aquecimento global é o ponto central de
mais uma roda negocial das Nações Unidas, que começou nesta
segunda-feira em Bona, Alemanha.

Sobre a mesa, voltam a estar o futuro do Protocolo de Quioto, um novo
processo para se chegar a um tratado que o substitua e o problema do
financiamento aos países mais pobres.
Nas próximas duas semanas, cerca de 5000 representantes, de 181
países, vão tentar dar mais um passo além das decisões da última
conferência anual da ONU sobre alterações climáticas, em Durban, em
Dezembro, preparando o caminho à nova reunião prevista para Doha, no
Qatar, no final do ano.

Durban lançou uma nova fase nas negociações para um novo instrumento
legal para travar as alterações climáticas, para aprovação em 2015 e
entrada em vigor após 2020. "Não há dúvida de que o início de um novo
processo é apaixonante, mas também é incrivelmente difícil", afirmou a
secretária-executiva da Convenção Quadro das Nações Unidas para as
Alterações Climáticas, Christiana Figueres, numa conferência de
imprensa.
O objectivo é encontrar uma forma de limitar a dois graus Celsius o
aumento da temperatura média global até ao fim do século. Mas com os
compromissos voluntários assumidos até agora pelos países
desenvolvidos, o termómetro irá subir 2,5 a 5,0 graus Celsius, segundo
contas da ONU.
"Temos todos os meios ao nosso dispor para eliminar este hiato. Mas
isto depende de esforços maiores de redução de emissões [de CO2],
liderados pelos países industrializados, e um nível suficiente de
ambição para suportar as acções dos países em desenvolvimento",
referiu Figueres.
A extensão do Protocolo de Quioto – para mais cinco ou oito anos além
de 2012 – também é outro ponto da agenda. Sobre a mesa, também está a
operacionalização do Fundo Verde para o Clima, que vai substituir um
regime de financiamento imediato em vigor até ao fim deste ano e prevê
contribuições a subirem até 100 mil milhões de dólares anuais (78 mil
milhões de euros) em 2020.
"Avançar aqui é essencial, pois 2012 assinala o fim do financiamento
rápido de 30 mil milhões de dólares [23 mil milhões de euros] e
ninguém deseja uma interrupção nos apoios", disse Figueres.

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