Por Isabel Tavares, publicado em 15 Maio 2012 - 03:10 | Actualizado há 1 dia 9 horas
O investimento estimado em perto de 2 mil milhões de euros está condicionado ao fornecimento de matéria-prima nacional
A Portucel quer construir uma nova fábrica em Portugal, mas para isso precisa de garantir matéria-prima suficiente para fornecer a unidade fabril. E quer a ajuda do governo.
A empresa tem três unidades fabris no país, mas importa mais de metade da matéria-prima de que necessita, com uma qualidade abaixo da nacional e ao dobro do preço.
O presidente da Portucel, Pedro Queiroz Pereira, considera que "é possível valorizar muito melhor do que tem sido feito o potencial florestal de Portugal", mas, como não tem surgido "o impulso dinamizador", continua "a desperdiçar-se um recurso renovável".
O grupo não confirmou ao i a nova fábrica, mas o jornal sabe que existe o projecto e também que têm sido feitos contactos com o governo.
Sobre o assunto, a empresa apenas fez saber que "a análise de projectos de expansão faz parte de um processo de avaliação de oportunidades de desenvolvimento que contempla a necessidade de garantir a sustentabilidade do modelo de negócio".
O presidente da comissão executiva da empresa, José Honório, escreveu no relatório e contas publicado no início deste ano que o grupo Portucel tem continuado a sensibilizar as entidades responsáveis "para custos de contexto da economia portuguesa, entraves ao crescimento económico, à inovação e à captação de novos investimentos". Para este responsável, "as fileiras florestais, e a do eucalipto em particular, são estruturantes para a economia nacional".
Ao i, a empresa lembrou ainda que o grupo "finalizou um plano de investimentos em Portugal de mil milhões de euros, manifestando claramente a sua capacidade empreendedora e o seu contributo para o desenvolvimento do país".
Para se tornar auto-suficiente, a empresa precisaria de produzir, actualmente, cerca de 40 mil hectares de eucaliptos. Para alimentar uma nova fábrica seria necessário mais ainda. Neste caso o governo teria, muito provavelmente, de levantar algumas limitações que existem em termos ambientais.
A nova fábrica poderia criar cerca de 15 mil novos postos de trabalho e, de acordo com os valores de mercado, o projecto poderá representar um investimento da ordem dos 2 mil milhões de euros.
A crise internacional afectou o sector, que em 2011 reduziu a sua actividade e levou ao fecho de fábricas na Europa e nos Estados Unidos. Não foi o caso da Portucel. O ano passado a empresa registou novos máximos nas exportações e as vendas continuaram a crescer: mais 7,4% que em 2010, implicando o sacrifício de margens. O volume de negócios da empresa ficou perto de 1,5 mil milhões de euros.
O grupo florestal exporta 95% da sua produção para 115 países. No total representa cerca de 3% das exportações portuguesas de bens e quase 1% do PIB (produto interno bruto).
Actualmente, a companhia dá emprego directo a quase 2300 pessoas, tendo ainda sob sua alçada a gestão de 120 mil hectares de espaço florestal.
http://www.ionline.pt/dinheiro/portucel-15-mil-novos-empregos-dependem-40-mil-hectares-eucaliptos
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