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Por André Ribeirinho
15.05.2012
André Ribeirinho foi membro do júri do Concurso Mundial de Bruxelas e
resume algumas das conclusões e surpresas do 19.º Concurso Mundial de
Bruxelas, onde um vinho alentejano foi eleito como o melhor tinto.
As maiores surpresas dos resultados do Concurso Mundial de Bruxelas,
que decorreu em Guimarães no início de Maio, são, sem dúvida, a
eleição de um vinho do Alentejo como melhor tinto da prova e a
ausência de vinhos do Douro da lista de melhores vinhos do concurso.
O prémio de melhor tinto foi atribuído ao vinho do Alentejo Poliphonia
Signature 2008, por ter recebido, do júri, a melhor pontuação absoluta
de entre todos os vinhos que foram enviados para o concurso. Com esta
pontuação recebeu ainda uma das Grandes Medalhas de Ouro, a medalha
mais importante do concurso.
É um feito notável a vários níveis. O vinho vencedor concorria, em
prova cega - sem se saber o nome ou região - com amostras de países
considerados como melhores produtores de vinho do mundo como, por
exemplo, a França ou a Itália, conseguindo obter o melhor resultado.
O vencedor conseguiu ainda reunir consenso entre os provadores que
pontuaram o vinho e que faziam parte de um júri constituído por
membros de 48 países e com profissões tão diferentes como sommeliers,
importadores, jornalistas ou bloggers com uma natural diversidade de
opiniões e de gostos.
No entanto, é talvez a exclusão dos vinhos do Douro das Grandes
Medalhas de Ouro a grande surpresa desta edição do Concurso Mundial -
no que toca aos vinhos portugueses. Um resultado que pode em parte ser
justificado pela ausência de amostras de alguns dos vinhos de topo da
região do Douro e que é, de alguma forma, compensado com a atribuição
de 21 Medalhas de Ouro.
Os resultados finais do concurso ditaram assim que o Alentejo e o Tejo
arrecadassem entre si as dez Grandes Medalhas de Ouro atribuídas a
vinhos portugueses. Entre estas, um destaque especial para os
trabalhos desenvolvido pela Herdade das Servas e pela Quinta da Alorna
que viram, cada uma, dois dos seus vinhos serem premiados ao mais alto
nível.
Por último a surpresa - entre alguns profissionais do vinho menos
atentos ao consumidor - que foi a medalha de ouro recebida pelo Mateus
Sparkling Rosé. Uma medalha que confirma a enorme adaptabilidade da
marca Mateus ao gosto do consumidor e ao mercado. A comprovar também
os sucessos de vendas - e principalmente de exportações - por esse
mundo fora.
Os resultados do Concurso Mundial de Bruxelas são essencialmente bons
para Portugal. São bons, em primeiro lugar, porque dão a conhecer ao
mundo a identidade do vinho português através de castas como a
Alicante Bouschet - uma casta originalmente francesa mas há muito anos
bem adaptada ao clima do Alentejo - e que está presente no vinho
vencedor.
Mas são sobretudo bons resultados porque dão a conhecer Portugal como
um país produtor de vinhos de qualidade num mundo onde a imagem junto
de profissionais e consumidores é cada vez mais determinante no acesso
ao mercado.
*André Ribeirinho foi membro do júri. É consultor de marketing de
vinhos e fundador do Adegga.com e AVIN
http://fugas.publico.pt/Vinhos/304911_os-bons-resultados-dos-vinhos-portugueses-no-concurso-mundial-de-bruxelas
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