quarta-feira, 16 de maio de 2012

Governo disponível para responder às dúvidas da UNESCO sobre Barragem do Tua

Sandra Henriques
15 Mai, 2012, 12:28 / atualizado em 15 Mai, 2012, 12:47


O Ministério do Ambiente não esclarece se vai parar as obras de
construção da Barragem do Tua, embora garanta estar totalmente
disponível para responder a todas as dúvidas da UNESCO.
O ministério tutelado por Assunção Cristas sublinha que o projeto de
decisão da instituição nada tem que afete a classificação do Alto
Douro Vinhateiro. Em comunicado, a tutela recorda que, tanto este
processo, como a construção da barragem, são da responsabilidade do
anterior Governo, pelo que ao atual Executivo não podem ser assacadas
responsabilidades.

Em causa está a intenção da UNESCO de travar as obras de construção da
Barragem do Tua. O Comité do Património Mundial da instituição acusa
as autoridades portuguesas de deslealdade por nunca terem referido a
intenção de construir a barragem no processo de candidatura do Douro a
património mundial.


Para além de parar as obras, a UNESCO quer avançar com uma missão
conjunta para ir ao terreno fazer o levantamento do impacto das
alterações que foram feitas ao projeto. A conservação da área
classificada é uma das preocupações.

O objetivo final é ter um relatório atualizado até ao final do mês de
janeiro de 2013. Estas informações constam do projeto de decisão que
vai servir de base à reunião de 24 de junho da UNESCO em São
Petersburgo, ao qual o jornal Público teve acesso.

A responsável em Portugal pela organização internacional da UNESCO dos
monumentos e sítios já comentou o assunto. Ana Paula Amendoeira afirma
à Antena1 que houve falta de informação por parte do Estado português.
A presidente do ICOMOS Portugal explica que não bastava indicar o nome
do arquiteto responsável pela obra, por mais peso que tenha o nome de
Souto Moura.

Turismo do Douro pede que tudo seja feito para manter classificação da região

A situação preocupa o presidente da Entidade Regional de Turismo do
Douro. Em declarações à Antena1, António Martinho defende que deve
fazer-se tudo para que a classificação como património mundial seja
salvaguardada, devido à sua importância para a região.

Por seu lado, a Quercus antevê que a Barragem do Tua venha a ser
suspensa, tal como aconteceu com a Barragem de Foz Côa. João Branco,
da Quercus de Vila Real, lembra à Antena1 que a associação
ambientalista já tinha avisado o Governo de que era melhor parar as
obras, aquando da divulgação do último relatório da UNESCO.

"Por causa dos interesses económicos da EDP, o Governo fez de conta
que não era nada com ele e assobiou para o lado", refere João Branco,
que acredita que o Ministério do Ambiente vai acatar a recomendação da
UNESCO de paragem das obras. "Se o Governo não fizer isso, então anda
a mentir, porque já disse publicamente que a coisa mais importante é a
manutenção do património mundial", argumenta.

Opinião contrária em relação ao andamento das obras tem o presidente
da Câmara Municipal de Mirandela. António Branco refere à agência Lusa
que considera difícil parar a Barragem do Tua e defende que o
importante agora é conjugar a obra com o Douro Património da
Humanidade.

O autarca aponta que "o grande impacto da obra está no paredão e no
espelho de água", que não estão dentro da zona classificada. Porém, as
linhas de alta tensão e a central elétrica – esta está a ser
reformulada pelo arquiteto Souto Moura – estão em pleno Património
Mundial.

Mirandela é um dos municípios da área de influência da barragem. Os
outros são Vila Flor, Carrazeda de Ansiães, Alijó e Murça.

http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=553834&tm=84&layout=121&visual=49

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