ARTIGO | TER, 15/05/2012 - 11:56
A Quercus defende que a totalidade da eletricidade utilizada em
Portugal em 2050 seja de fonte renovável e pede a reposição dos
incentivos fiscais à instalação de equipamentos solares para água
quente, apostando na utilização de energias limpas.
A propósito da conferência das Nações Unidas Rio+20 sobre
sustentabilidade, a Quercus inicia hoje a apresentação de cinco casos
de sucesso em outros tantos setores, em que a aposta foi para soluções
amigas do ambiente.
Nas "5 saídas verdes para a crise", nas quais foi criado "emprego
verde", estão em foco a agricultura biológica, a floresta, com a
cortiça, pescas e reabilitação urbana, além da energia solar, o caso
hoje apresentado em Cacia, Aveiro, na fábrica da Bosch
Termotecnologia.
"É fundamental fazermos um planeamento para que o peso da energia
final, que em 2020 tem de ser de 31 por cento (%) de origem renovável,
em 2050 seja um valor da ordem dos 70 a 75%, e na electricidade
atinjamos mesmo 100%", disse hoje à agência Lusa o vice-presidente da
associação de conservação da natureza.
Francisco Ferreira referiu que "daqui a 40 anos, a eletricidade terá
um papel muito mais importante nas tarefas do dia a dia, a começar na
mobilidade, com os veículos a usar mais eletricidade do que hoje".
Por isso, considerou fundamental que, no quadro do alerta da
conferência Rio+20, "haja a coragem de planear e antecipar esta meta e
este objetivo para 2050".
A área das energias renováveis pode contribuir para a criação de
"emprego verde" e, segundo a Quercus, para 2015 prevê-se um conjunto
de 6.000 empregos diretos em Portugal, um número que pode elevar-se a
60.000 quando contabilizados os postos de trabalho indiretos.
A energia solar tem peso na produção de eletricidade através de
paineis fotovoltaicos, área em que houve uma evolução muito rápida,
nomeadamente com programas de microgeração, mas também permite o
aquecimento de água para a utilização nos lares.
"Portugal tem mais de 3.300 horas de sol, em média, um recurso
renovável em grande quantidade e que estamos ainda a aproveitar muito
pouco", alertou o vice-presidente da Quercus, recordando que não
aproveitar esta energia e usar alternativas para garantir a água
quente nos lares, como o gás, tem "custos elevados".
"Já tivemos incentivos grandes ao uso da água quente solar, mas neste
momento passamos para o oposto, isto é, não há qualquer incentivo a
quem queira instalar coletores solares", frisou Francisco Ferreira.
Feitas as contas, "mesmo conhecendo as enormes dificuldades do
Governo" na obtenção de receita fiscal e no investimento, o
responsável da associação ambientalista apontou ser "uma visão muito
limitada" não se perceber que "o que o Estado pode dar de incentivo
fiscal à água quente solar, rapidamente é coberto pela redução de
dependência energética exterior".
Segundo a Quercus, em 2011, foram instalados 127.198 metros quadrados
de paineis solares e as estimativas referem a existência de cerca de
875.874 m2 instalados.
A energia é um dos principais temas da conferência Rio+20 e uma das
prioridades é garantir o acesso à eletricidade, com investimento em
renováveis e em eficiência energética, para conseguir reduzir a queima
de combustíveis fósseis e evitar as emissões de dióxido de carbono,
responsáveis pelas alterações climáticas.
http://online.jornaldamadeira.pt/artigos/quercus-quer-eletricidade-de-fonte-100-renov%C3%A1vel-em-2050
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