Por Manuel Carvalho
14.05.2012
Portugal, apesar dos pergaminhos, não tem nenhum "master of wine", um
prestigiado diploma para sábios do vinho que, anualmente, apenas uma
média de oito candidatos consegue obter. Para ajudar a colmatar essa
lacuna foi criada uma bolsa no valor de 14 mil euros. </p>
Já ouviu falar de David Molyneux-Berry? Pois é um egípcio com o
diploma "master of wine". E Lisa Perrotti-Brown? É uma cidadã de
Singapura que também integra o restrito grupo de 299 membros de 23
países que obtiveram o difícil e prestigiado título de "master of
wine".
Se por acaso quiser o nome ou os nomes dos que em Portugal obtiveram
essa espécie de doutoramento associado ao vinho, esqueça. Portugal é
um dos mais antigos países produtores de vinho do mundo, com marcas
internacionais como o vinho do Porto, foi o primeiro a criar a
primeira denominação de origem protegida no sentido moderno do termo,
mas não tem um único master of wine.
Uma falha que a Symington Family Estates, em parceria com a Revista de
Vinhos, quer agora colmatar com a criação de uma bolsa de 14 mil
euros. "É nossa esperança que esta ajuda possibilite que um dos muitos
talentosos profissionais de vinho que existem em Portugal alcance este
tão respeitado título", explica Paul Symington.
Por mais de uma vez houve portugueses interessados em integrar essa
elite que ocupa posições influentes nas empresas comerciais, nas
leiloeiras de prestígio ou se assumem como jornalistas com audiência à
escala planetária. Mas nenhum foi capaz de sobreviver aos testes.
Depois de aulas presenciais, de visitas a regiões vitícolas e de
seminários realizados ao longo de dois anos, os candidatos ao título
têm de passar por um exame final. O exame implica um teste teórico
dividido em quatro momentos de três horas cada um, onde os candidatos
têm de responder a perguntas relacionadas com a viticultura, a
enologia ou os mercados mundiais do sector, 12 provas cegas nas quais
têm de distinguir, por exemplo, um Chenin Blanc da França, da
Califórnia e da África do Sul, e uma dissertação final de 12 palavras.
Em média, só oito candidatos por ano têm sido capazes de passar.
Criado em 1953 para preparar os negociantes de vinho para as suas
funções, o Instituto Masters of Wine foi acumulando capital de
prestígio e abriu-se a outras profissões. Jancis Robinson, a influente
crítica do Financial Times, foi a primeira profissional fora dos
círculos do comércio a obter o título, em 1984. Em 1988, o diploma foi
entregue pela primeira vez a um profissional não britânico - ao
australiano Michael Hill Smith. Hoje, a rede de masters tem entre os
seus membros nomes prestigiados como Michael Broadbent ou Serena
Stucliffe.
Para escolher o candidato a master, a Symington Family Estates
disponibiliza a bolsa e promove um seminário com os interessados, que
terá lugar em Gaia nos dias 11 e 12 de Junho. O prazo de candidatura
acaba a 15 de Agosto, o eleito será conhecido em Outubro, o curso
arranca em Novembro e o primeiro seminário em Londres incia-se em
Janeiro de 2013. Os candidatos terão de ter uma experiência mínima de
cinco anos, qualificações académicas reconhecidas (licenciatura em
agronomia ou enologia, por exemplo) e competências especiais teóricas
e práticas.
Mais informações no site da Symington Family Estates
http://www.symington.com/?lang=pt
http://fugas.publico.pt/vinhos/304401_e-voce-tem-nariz-para-master-of-wine?pagina=-1
Sem comentários:
Enviar um comentário