sábado, 28 de julho de 2012

Agricultores do Douro exigem compreensão, não dinheiro



Presidente da Casa do Douro lamenta falta de sensibilidade de Assunção Cristas e lembra que não pediram ajudas financeiras imediatas.

Carlos Abreu (www.expresso.pt)
13:41 Sexta feira, 27 de julho de 2012

O presidente da Casa do Douro lamentou hoje a falta de sensibilidade para o drama dos agricultores cujas vinhas ficaram destruídas pelo granizo, manifestada pela ministra da Agricultura em entrevista à TVI. Para Manuel António dos Santos não se pode dizer que quem tem seguro tem futuro e quem não tem, tivesse.

"Não pode ser assim. Peço compreensão. Só não entende quem não tiver sentimentos ou não o quiser entender", disse ao Expresso.

"A senhora ministra sabe que os seguros de colheita são um processo altamente complexo e que as bonificações atribuídas pelo Estado são cada vez mais reduzidas, chegando a preços exorbitantes aos viticultores", conta.


Durante a entrevista à TVI, Assunção Cristas disse que "50 por cento dos agricultores [da região afetada] estão abrangidos por esse seguro de colheita. Outros não estão porque não quiseram aderir".

"Gostava de convidar a senhora ministra a revelar quem tem seguros. Onde estão os 50% dos seguros realizados?", pergunta o presidente da Casa do Douro.

Segundo Manuel António dos Santos, para fazer um seguro coletivo de colheitas terão se estar de acordo 50 por cento mais um dos associados. A casa do Douro, por exemplo, tem 40.000 associados.

Ciclo vicioso

Mais do que seguros ou ajudas financeiras imediatas, que o presidente da Casa do Douro garante não terem sido pedidas tendo em conta a atual situação do país, Manuel António dos Santos apela à fixação de períodos de carência de dois anos, de capitais e juros, para todos aqueles que contraíram empréstimos para a reconversão de vinhas.

"Há jovens que deixaram de ter condições para pagar à banca, mas se tiverem mesmo de pagar ficam sem dinheiro para tratar a vinha. Se não a tratarem não terão uva e se não tiverem uva não a poderão vender e realizar dinheiro. É um ciclo vicioso", conta.

Neste momento, o que mais preocupa os viticultores atingidos pelo granizo desta quarta-feira é saber como é que vão recuperar as videiras. Os técnicos dividem-se quanto à poda em verde, mas estão de acordo quanto ao tratamento imediato com cobre e cálcio, que a Casa do Douro já está a fornecer aos seus associados.

"O fenómeno destruiu a colheita deste ano e deixou mazelas para os próximos quatro ou cinco anos", garante Manuel António dos Santos.



http://expresso.sapo.pt/agricultores-do-douro-exigem-compreensao-nao-dinheiro=f742714

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