Por Agência Lusa, publicado em 9 Jul 2012 - 18:14 | Actualizado há 13
horas 27 minutos
A ministra do Ambiente disse hoje que será cumprido em Foz Tua "o que
foi decidido em São Petersburgo" pelo Comité do Património Mundial da
Unesco, que pediu a Portugal para "abrandar significativamente" a
construção da barragem.
"Aquilo que foi decidido em São Petersburgo [Rússia] será naturalmente
seguido", disse à agência Lusa Assunção Cristas, no final de uma
cerimónia de entrega de certificados de formação a jovens agricultores
promovida pela Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do
Crédito Agrícola de Portugal, em Vila Franca de Xira.
O Comité do Património Mundial da Unesco – Organização da Unesco para
a Educação, Ciência e Cultura pediu ao Estado português, na reunião
realizada em finais de junho na segunda maior cidade da Rússia, que
"abrande significativamente o trabalho na barragem, enquanto está a
ser realizado um estudo sobre os impactos da hidroelétrica no Alto
Douro Vinhateiro".
A proposta que estava em cima da mesa nesse encontro recomendava a
suspensão da construção da Barragem de Foz Tua, que se encontra em
obra há 15 meses, entre os concelhos de Alijó e Carrazeda de Ansiães.
Assunção Cristas destacou o facto de não ter sido decidido a suspensão
da obra, mas escusou-se a esclarecer de que forma a empreitada vai
abrandar.
A governante adiantou ainda que os membros da Unesco já aceitaram o
convite para visitar Portugal, sem, no entanto, adiantar uma data para
o efeito.
A situação do Alto Douro Vinhateiro voltará a ser analisada no próximo
encontro da Unesco, em 2013.
A obra começou pouco depois de uma passagem pelo Douro da Icomos,
órgão consultivo da Unesco, uma situação que fez com que o comité
colocasse em causa o comportamento do Governo português ao longo do
processo.
A Icomos considerou "grave" e "irreversível" o impacto da
hidroelétrica sobre o património mundial e, por isso, aconselhou a
paragem das obras até à visita de uma missão conjunta ao local.
Assunção Cristas já defendeu na comissão parlamentar do Ambiente,
Ordenamento do Território e Poder Local que a barragem de Foz Tua é
compatível com a classificação do Alto Douro Vinhateiro como
Património da Humanidade e afastou a possibilidade de suspender as
obras por falta de verbas.
"Íamos a tempo de parar, se tivéssemos no nosso bolso os montantes
para pagar as indemnizações necessárias, que são de várias centenas de
milhões de euros", disse, em junho, no parlamento.
Na ocasião, a ministra referiu que a barragem ocupa apenas 2,9
hectares do Alto Douro Vinhateiro, o que representa 0,001 por cento do
total da área, pelo que considerou que aquela infraestrutura não causa
grande impacto na paisagem.
O Douro foi distinguido como Património Mundial da Humanidade em 2001.
http://www.ionline.pt/portugal/cristas-atende-pedido-da-unesco-abrandar-construcao-no-foz-tua
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