Paulo Pimenta de Castro
Face à concentração empresarial existente nas três principais fileiras
silvo-industriais, onde assumem especial destaque:
O Grupo Sonae, no pinheiro bravo;
O Grupo Portucel Soporcel, no eucalipto; e,
O Grupo Amorim, no sobreiro.
Importa garantir a transparência dos mercados dos produtos florestais,
a par do que já acontece no sector agroalimentar, tendo em vista uma
adequada e justa formação dos preços, evitando potenciais fenómenos de
cartelização ou uma desajustada supremacia da industria face à
produção florestal. Este é um factor determinante para criar e
assegurar expectativas de renda aos proprietários florestais e assim
contribuir para o fomento da gestão activa nas suas explorações.
O absentismo existente na gestão das florestas em Portugal tem de ser
estudado em detalhe. Contudo, é possível afirmar que, em grande parte,
o mesmo advém das fracas expectativas dos proprietários na
capitalização das suas propriedades, em geral de minifúndio e de solos
mais pobres, e a fraca ou nula rentabilidade que podem auferir das
produções que nelas podem obter, tendo em conta que os preços de venda
são determinados por terceiros, pela industria ou por intermediários.
Importa ainda salientar o elevado risco do investimento florestal,
face aos incêndios, as pragas e as doencas, bem como o desajuste do
fisco face às características da produção florestal.
Uma política de preços equilibrada, associada a programas de
investigação e de extensão florestal, integrados em lógicas de
fileira, assegurarão o crescimento do investimento florestal em
Portugal, seja em novas arborizações, mas sobretudo na consolidação
das actuais florestas, concretamente através da sua gestão, que se
quer profissional e sustentável, minimizando os impactos catastróficos
dos incêndios florestais e das pragas e doencas.
Se forem criadas expectativas de segurança e de rentabilidade fiável,
quer na produção de bens, mas também na prestação de serviços
ambientais em áreas florestais, seguramente os proprietários
florestais serão os primeiros a adoptar uma gestão sustentável nas
suas explorações.
Desta forma, deverá o Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e
do Ordenamento do Território (MAMAOT), considerar a criação de uma
plataforma de acompanhamento das relações da cadeia silvo-industrial.
Lisboa, 10 de julho de 2012
Paulo Pimenta de Castro
Presidente da Direção da Acréscimo
http://www.agroportal.pt/a/2012/pcastro3.htm
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