Economia
Queijo fabricado nas instalações da escola é comercializado em
restaurantes e lojas da região
Projecto criou nas instalações da ESAS uma empresa a partir de
estruturas que habitualmente são apenas usadas na formação dos alunos.
Edição de 2012-08-02
O rótulo tem inscrito o nome 'Queijo da Quinta', mas quem o compra na
região já o popularizou como "queijo da Agrária", uma referência ao
facto de este produto sair da queijaria da Escola Superior Agrária de
Santarém (ESAS). "Quando estava a terminar o curso, as instalações
tinham sido remodeladas e como estavam paradas, visto haver poucas
aulas, surgiu a ideia de licenciar o espaço para começarmos a produzir
diariamente queijo e também para promover a agricultura na zona, a
nível da produção de leite de cabra e de ovelha", contou à Lusa
António Oliveira.
O ex-aluno de Engenharia Alimentar da ESAS foi pioneiro numa
iniciativa que pode alargar-se a outras áreas para que a escola está
vocacionada, ao criar nas instalações centenárias da Quinta do
Galinheiro uma empresa a partir de estruturas que habitualmente são
apenas usadas no processo de formação dos alunos.
"Este projecto tem sido apadrinhado pela escola, que tem associado o
seu nome ao queijo que [este antigo aluno] produz. Temos uma grande
satisfação nisso. Agora estamos a tentar não clonar, mas, numa
primeira fase, fazer um pequeno laboratório de ideias para tentar
desenvolver o espírito empreendedor dos alunos", disse o director da
ESAS, António Azevedo.
Depois de um moroso processo de licenciamento da queijaria, António
Oliveira iniciou há um ano a produção de queijos, passando dos cerca
de 180 litros de leite diários para os 400 a 500 actuais (o que
corresponde a cerca de 600 queijos/dia) e de dois para cinco
trabalhadores.
A pequena empresa que criou alimenta uma rede de pequenos produtores
de leite da região - uma meia dúzia -, entre os quais se inclui a
Cooperativa Terra Chã, de Alcobertas (Rio Maior), com o seu rebanho de
cabras comunitário. Diariamente, o leite é recolhido numa viatura
própria, dando origem a três tipos de queijo - de cabra, de ovelha e
de mistura -, que é vendido sobretudo seco. Também produz queijo
fresco uma vez por semana, por encomenda. Em fase de experiência está
um queijo com orégãos, um ingrediente que acrescenta um agradável
"sabor a campo" e que está a ser muito bem acolhido, disse.
A distribuição acabou por se autonomizar, sendo actualmente o 'Queijo
da Quinta' colocado em restaurantes e mercearias numa região que se
estende de Santarém até Sesimbra e Setúbal. "Temos um distribuidor que
já está a colocar o nosso queijo em França e estamos a ter contactos
para tentar vender para Moçambique, África do Sul e Rússia", disse
António Oliveira.
Segundo António Azevedo, é este espírito empreendedor de antigos e
actuais alunos que a ESAS quer fomentar, aproveitando as estruturas
que tem - a queijaria, uma oficina tecnológica de carnes, uma adega
industrial, vinhas e pomares. Em germinação está a criação de um
"laboratório de ideias", ao qual se poderão associar um conjunto de
entidades, incluindo financiadores, o que permitirá aos projectos com
possibilidade de sucesso passarem para uma incubadora de empresas,
adiantou.
A este projecto estará associado um outro criado por alunos no âmbito
do PoliEmpreende, que registaram a marca 'Intenso Tejo' e querem
ajudar na comercialização dos produtos produzidos na escola, como o
vinho e o azeite e outros que venham a surgir. "Não estamos a competir
com ninguém. É fazer uma coisa que julgo que é nossa obrigação",
frisou.
"Isto para ser um bom investimento público tem que estar a trabalhar
todo o ano", afirmou o director da ESAS, sublinhando o papel da escola
no incentivo ao empreendedorismo dos alunos. "Ou eles próprios vão
construir pequenos nichos, pequenos negócios, ou será muito difícil.
Essa é nossa obrigação e é nesse sentido que nos estamos a organizar",
disse.
http://semanal.omirante.pt/noticia.asp?idEdicao=&id=85163&idSeccao=9418&Action=noticia
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