09-12-2013
A Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC) está a desenvolver dois
projectos de investigação sobre medronheiros, um dos quais com duas
ex-alunas que criaram uma empresa para produzir as plantas através de
clonagem.
«Existe uma procura grande de plantas melhoradas. Havia necessidade de
dar resposta e nós, como escola, não tínhamos essa capacidade», afirma
à agência Lusa Filomena Gomes, docente e investigadora da ESAC.
Durante o estágio curricular com a professora Filomena Gomes, Patrícia
Figueiredo e a sua colega Rita decidiram criar a empresa Green Clone,
tendo apresentado para o efeito uma candidatura ao Programa de
Desenvolvimento Rural (ProDer), para jovens agricultores.
A direção da ESAC concordou que a empresa das antigas alunas ficasse
em incubação na escola, onde produzem milhares de medronheiros pelo
método de clonagem de espécies silvestres, seleccionadas com a
colaboração de agricultores, tendo em conta a qualidade e a quantidade
dos frutos produzidos.
Segundo Filomena Gomes, «a escola tem vários grupos a trabalhar em
cada uma das áreas»: produção das árvores minúsculas em laboratório,
plantação, adubagem, poda, eventual rega, colheita dos frutos,
embalamento e comercialização para consumo em fresco, transformação em
aguardente e doces sem adição de açúcar, entre outras.
A edição de um «manual de boas práticas» para o fabrico de aguardente,
em colaboração a Universidade do Algarve, é outro dos objectivos dos
projectos em curso na ESAC. «A grande utilização do medronho penso que
será sempre a aguardente, mas tem outras utilizações, se produzirmos
frutos maiores», preconiza a docente Cristina Franco.
Esta especialista em fruticultura salienta que o medronho «pode ser
consumido paralelamente com o morango», com a vantagem de ser colhido
no Inverno, quando aquele é vendido «a preços proibitivos». «O nosso
primeiro cliente quis 10 mil medronheiros», revela à Lusa Patrícia
Figueiredo, da Green Clone.
A empresa tem recebido encomendas de todo o país, com destaque para o
Centro, tendo alguns compradores «projecto aprovado para a produção do
fruto em fresco», adianta a jovem empresária.
«Devidamente conhecido, o medronho pode também ser uma solução para os
nossos territórios de baixa densidade demográfica», corrobora o
biólogo Carlos Fonseca, que está a preparar várias parcelas, no
concelho de Penacova, para plantar medronheiros.
Este docente da Universidade de Aveiro participa em estudos sobre a
cultura desta espécie arbustiva e o aproveitamento dos frutos, no
âmbito de quatro projectos envolvendo também investigadores da ESAC e
da Universidade de Coimbra.
Nos 10 hectares de terreno que possui na zona de São Pedro de Alva,
vai desenvolver o seu empreendimento «em duas vertentes: uma mais
compatível com a biodiversidade local, fazendo uma intervenção mínima,
e outra com máquinas», tendo em vista a plantação de pomares de
medronhos.
«É importante demonstrar às populações que é possível ter rendimento
das terras, a partir de espécies da nossa flora, e não termos de
recorrer todos a espécies exóticas como o eucalipto», defende o
biólogo.
Fonte: Lusa
http://www.confagri.pt/Noticias/Pages/noticia48180.aspx
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