HOJE às 15:58
Colares, anéis e pulseiras «vivos» são a última criação de uma marca
portuguesa que, através de uma inovadora técnica, recriou o habitat
natural das plantas em jóias que precisam até de ser regadas para a
sua conservação e que estão a ser vendidas em todo o mundo.
Após seis meses de testes e experiências, Ines Varela, de 34 anos,
nascida em Lisboa e formada em gestão de espaços ambientais, conseguiu
descobrir o «segredo», que guarda cuidadosamente e permite colocar
plantas vivas, principalmente musgo, em jóias tradicionais de metal.
«Comecei a criar essas jóias para mim mas amigos e conhecidos
começaram a pedir que começasse a vendê-las», explicou a criadora.
Inés Varela revelou que a montagem da peça é relativamente simples,
demora entre 30 minutos e uma hora, embora seja necessário elaborar
antes o desenho. Depois, é preciso esperar entre uma e duas semanas
para usá-la, porque a planta, que nasce da terra ou entre as rochas,
«deve adaptar-se ao seu novo habitat, a jóia, onde continua viva».
Segundo a criadora, o trabalho de conservação deste tipo de adorno não
é especialmente complicado, já que as plantas utilizadas podem
sobreviver até três meses sem serem regadas.
No entanto, é importante garantir que o lugar onde a jóia for guardada
respeite o processo de fotossíntese, por isso, não é recomendável
deixá-la numa caixa fechada com outros objectos, pois eles «podem
prejudicar a sua protecção vegetal». Também não é a melhor opção
conservá-la numa gaveta, já que apesar de plantas como o musgo
crescerem na sombra, também precisam de alguma luz.
A criadora desta jóia, comercializada através da marca Natural
Jewellery, vende um kit de produtos para a manutenção, formado por um
«regador de bolso» em forma de spray e um pano para secar a parte de
metal.
A empresa nasceu há apenas um mês e meio, mas a ideia de Inés Varela é
crescer fora de Portugal. A linha de produtos «Puros» já chegou ao
Brasil, Espanha, Canadá, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos e
Inglaterra.
A linha pretende homenagear a pureza da planta e, por enquanto, as
peças estão à venda por um preço que oscila entre 15 e 30 euros.
A próxima colecção, «Brilho», já está quase «madura» e inclui peças
mais glamourosas, sofisticadas e elaboradas, para a época de Natal.
O musgo é uma planta briófita, grupo que tem mais de 12 mil espécies
conhecidas distribuídas em diferentes habitats, como florestas,
montanhas e desertos.
«Em projectos ambientais, são usadas como indicador de poluição e
mudanças de sistemas climáticos», explicou Inés, que além de
empreendedora ocupa o cargo de vice-presidente da Associação
Portuguesa de Espaços Verdes.
O musgo, além disso, ocupa um papel importante nos ecossistemas, pois
permite a estabilização do solo, a fixação e germinação de sementes, e
serve de alimento e protecção para alguns animais.
As suas propriedades são conhecidas desde os tempos antigos e são
utilizadas como compressa para tratar feridos nas guerras ou como
material para elaborar produtos de higiene (fraldas, sabões e perfumes
entre eles).
Em países como Portugal, México e Espanha, o musgo também é famoso por
estar presente nos presépios de Natal.
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=673612
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