O secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Bruno Maçães, destacou
que o acordo da Organização Mundial do Comércio (OMC), aprovado esta
manhã em Bali, na Indonésia, era «quase uma condição prévia para
Portugal dar o salto» nos mercados globais.
Numa altura em que Portugal está a aumentar as exportações, sobretudo
para fora da Europa, o Acordo de Facilitação do Comércio era
"fundamental", representando "quase uma condição prévia para Portugal
dar o salto para ter uma posição muito mais importante nos mercados
globais", disse o governante à agência Lusa.
Bruno Maçães reforçou que "a burocracia alfandegária em mercados
difíceis" será combatida "com disposições muito claras" que garantem,
por exemplo, que "os bens em alfandegas têm de ser despachados no
período mais breve possível".
Estas mudanças, que permitirão a Portugal reduzir os custos de
transação em cerca de 10 por cento, deverão começar a ser visíveis
"dentro de alguns meses" nalguns mercados, dependendo da rapidez na
implementação das medidas em cada país, explicou.
Bruno Maçães sublinhou que o 'pacote de Bali' abre as portas a "uma
nova era do comércio internacional" e permitirá ainda o combate ao
desemprego em Portugal, algo que, na sua visão, passa por um aumento
das exportações, sobretudo para fora da União Europeia.
O secretário de Estado frisou que Portugal, "tal como a totalidade dos
países da União Europeia", sai "muito satisfeito" da ilha de Bali,
sobretudo por garantir que a OMC "prospera e continua a ser um fórum
privilegiado para discutir e decidir questões de comércio
internacional", algo "muito importante para países como Portugal".
O primeiro acordo da OMC, formada em 1995, era visto como decisivo
para o futuro da organização, mas só durante a última madrugada, após
quatro dias de intensa discussão em Bali precedidos por dez semanas de
negociações em Genebra, é que a Índia, líder dos 46 países em
desenvolvimento do "G33", e os Estados Unidos se entenderam.
O 'pacote de Bali' determina que não serão aplicadas sanções à Índia e
a outros países em desenvolvimento que ultrapassem os 10% de
subvenções à agricultura, até que se chegue a uma solução permanente
sobre o assunto, algo que deverá acontecer na 11.ª conferência
ministerial da OMC, prevista para daqui a quatro anos.
Em contrapartida, estes países ficam sujeitos a salvaguardas para
impedir que os seus programas de segurança alimentar distorçam os
preços dos produtos agrícolas no mercado, algo que também preocupava
Portugal.
Além disso, esta medida aplicar-se-á apenas aos programas existentes e
não àqueles que vierem a ser criados, o que, segundo o secretário de
Estado dos Assuntos Europeus, "era uma causa de preocupação".
Após alcançado um acordo entre a Índia e os Estados Unidos, já a altas
horas da madrugada, Cuba, com a solidariedade da Venezuela, Bolívia e
Nicarágua - os países da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba)
-, rejeitou o documento, levantando a questão do embargo comercial
norte-americano ao país.
Segundo Bruno Maçães, esta questão "teve de ser alvo de discussões
cuidadosas" e terminou com uma formulação nas conclusões da
conferência que reafirma o princípio da não-discriminação, que faz
parte do legado da OMC.
Dinheiro Digital com Lusa
http://dinheirodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=208186
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