segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O vinho também se escreve

Só se pode gostar daquilo que se conhece, diz-se. O mundo do vinho não
foge a esta regra, portanto é salutar procurar novos vinhos e novos
produtores, provar e aprender a provar, só assim se podendo construir
um guia dentro da nossa memória que nos facilite uma decisão futura.

Divulgamos duas obras, um "Curso de Vinhos para Verdadeiros
Apreciadores", da autoria de João Afonso e um "Guia Popular de
Vinhos", da autoria de Aníbal Coutinho. Duas personagens de créditos
firmados no mundo da crítica de vinhos, habituais colaboradores na
imprensa, mas com duas características que os ligam: ambos se
apaixonaram pela actividade artística e ambos são produtores de
vinhos.

João Afonso, depois de concluir os estudos superiores na Faculdade de
Motricidade Humana enveredou pelo bailado integrando durante anos,
como primeiro bailarino, o elenco do saudoso Ballet Gulbenkian.
Abandonou a actividade para, com a mulher e os filhos, rumar às
origens (Castelo Branco) para se dedicar ao mundo do vinho e da
produção de azeite.

Quanto ao algarvio Aníbal Coutinho, depois de se licenciar em
Engenharia Civil pelo IST, voltou à universidade para estudar
Agronomia, fazendo o mestrado em Viticultura e Enologia. Canta no Coro
Gulbenkian desde 1998. Vive com a mulher e os filhos na região de
Lisboa, dedicando-se à escrita sobre vinhos, formação e
aconselhamento. Produz um vinho da Região Lisboa.

No seu guia, Aníbal Coutinho, dedica-se a divulgar vinhos cujos preços
em prateleira se situam entre os 2 e os 10 euros. É útil, porque,
dentro do escalão mais baixo, nos ajuda a descobrir vinhos bem feitos,
que dão real prazer a beber e que estão ao alcance de praticamente
todas as bolsas, e no escalão entre os 5 e os 10 euros nos guia para a
escolha de néctares mais complexos, próprios para um dia de festa para
quem não queira, ou não possa, atirar-se aos topos de gama.

Já o livro de João Afonso é muito interessante para quem queira saber
mais do que simplesmente colocar o vinho no copo. Dá dicas sobre os
vinhos portugueses, as principais castas e suas características, faz
uma abordagem à iniciação da prova. Lê-se com imenso prazer.

O Equinócio e o Solstício, dois vinhos produzidos por João Afonso e
que nascem na sua quinta na Serra de S. Mamede (zona de Portalegre)
são hoje o alvo das nossas notas de prova. São oriundos de vinhas
velhas (na sua maioria) com castas actuais e outras que já só moram na
memória dos mais antigos.

EQUINÓCIO 2011 BRANCO - 26€ As uvas das castas roupeiro, malvasia
fina, arinto cachudo, arinto galego, chasselas, salsaparrilha,
excelsior, fernão pires, moscatel galego, rabo de ovelha, tamarez,
formosa, uva rei e vale grosso. Esta mistura de castas fermentadas em
madeira deu origem a um vinho delicioso, fora do vulgar, lembrando
sabores antigos. Muito equilibrado, um verdadeiro achado. Só que
demorou um dia a revelar- -se em toda a sua plenitude.

SOLSTÍCIO 2010 TINTO - 32€ Neste vinho, a par de castas mais
conhecidas como o alicante bouschet, a trincadeira e o aragonez,
também há castas de nomes mais estranhos como corropio, grand
bouschet, moscatel hamburgo, moscatel preto ou tinta de olho branco
provenientes de cepas muito velhas. Tal como no Equinócio, este vinho
prima pela diferença. Guloso, cheio, bem estruturado, com fruta, bons
taninos e um belo final. Vale a pena prová-lo.

http://www.ionline.pt/artigos/mais-igastronomia/vinho-tambem-se-escreve/pag/-1

Sem comentários:

Enviar um comentário