A Associação Distrital dos Agricultores da Guarda (ADAG) inicia uma recolha de assinaturas em feiras da região, na terça-feira, em Celorico da Beira, para contestação das alterações fiscais do setor que podem levar ao abandono da atividade.
"Já temos muitas centenas de assinaturas, mas amanhã [terça-feira], vamos começar a recolher assinaturas em feiras, iniciando essa fase em Celorico da Beira. Na quarta-feira, estaremos em Seia, na quinta-feira em Gouveia e na sexta-feira em Trancoso", disse hoje à agência Lusa António Machado, presidente da ADAG.
Segundo o responsável, a ADAG vai marcar presença no recinto do mercado de Celorico da Beira, a partir das 09:00, para recolher assinaturas e para informar e sensibilizar os agricultores daquele concelho para as implicações originadas pelas alterações fiscais previstas pelo Governo.
O novo regime declarativo obriga à inscrição de todos os agricultores com atividade comercial, ficando isentos de IVA os que têm um volume de negócios anual inferior a 10 mil euros, lembrou o responsável.
A ministra da Agricultura e Mar, Assunção Cristas, anunciou que os agricultores com rendimentos ou ajudas da Política Agrícola Comum (PAC) inferiores a 1.670 euros não têm de se inscrever na Segurança Social, nem entregar declaração de IRS, embora se mantenha a obrigatoriedade de se inscreverem nas Finanças, mas a decisão não agrada à ADAG que apela à reforma da lei por representar "o fim da agricultura familiar".
"No distrito da Guarda, em concelhos como Trancoso, Aguiar da Beira, Pinhel ou Figueira de Castelo Rodrigo, 80% dos agricultores são reformados por invalidez. Se se fossem coletar nas Finanças, perdiam automaticamente o direito à reforma", alertou António Machado.
Referiu que a agricultura praticada no distrito da Guarda está "em risco" com a nova lei que "generaliza o país, quando o país não é todo igual".
"Ou reformam a lei ou o interior acaba totalmente. Se querem acabar com a população do interior na totalidade, então é levarem esta lei para a frente", alerta o presidente da ADAG.
O responsável apela ao Governo, uma vez mais, que "tenha em conta que o interior não é igual ao litoral nem ao sul do país".
"Acabem também, de uma vez por todas, de dar dinheiro a quem nada produz na agricultura. Nós importamos produtos que não eram necessários importar. Importamos, por exemplo, 60 por cento das batatas que consumimos, quando no distrito da Guarda se cultivavam milhares de toneladas", lembrou António Machado.
A recolha de assinaturas que a ADAG vai realizar em Celorico da Beira e em outras feiras da região está inserida no âmbito da jornada de protesto marcada para o mês de abril em Lisboa, contra as recentes imposições fiscais sobre os pequenos e médios agricultores.
Dinheiro Digital com Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário