por Ana Rita Costa
21 de Março - 2014
A Quercus quer que seja retirada a proposta de financiamento de novos eucaliptais com fundos comunitários. Depois de avaliar o documento para aplicação de fundos comunitários para o desenvolvimento rural do Gabinete de Políticas e Planeamento do Ministério da Agricultura e do Mar, a organização diz considerar a proposta “inaceitável”.
“O documento de proposta do Programa de Desenvolvimento Rural para o Continente 2014-2020 apresentado pelo Gabinete de Políticas de Planeamento do Ministério da Agricultura, apesar de ter algumas propostas que a Quercus vê como importantes para o desenvolvimento sustentável do mundo rural, como a instalação de mosaicos agroflorestais para aumento da resiliência do território aos incêndios florestais e um ligeiro aumento do financiamento comunitário para a gestão da floresta que poderá chegar aos 80% a fundo perdido, apresenta também propostas contraditórias, como o apoio a novas plantações de eucaliptos em terras agrícolas, assim como em espaços florestais onde ocorrem outras espécies como o pinheiro-bravo e outras espécies da nossa floresta autóctone”, refere a Quercus.
As condições de acesso propostas permitem apoiar até 40% a fundo perdido a plantação para as espécies de rápido crescimento, ou seja, eucaliptais em rotações com uma duração entre 8 e 20 anos. “Sendo já o eucalipto a espécie mais representativa no nosso espaço florestal, ultrapassando os 820 000 hectares com tendência para aumentar (a avaliação do próprio ICNF ao novo regime de arborização verificou que 92% dos pedidos se destinam a plantações de eucaliptos), mesmo sem financiamento, é muito estranho que a política pública se concentre em aumentar ainda mais a área ocupada por monoculturas de eucalipto”, defende a organização ambiental.
A Quercus considera que os fundos públicos e comunitários devem ser concentrados “na reconversão dos eucaliptais mal instalados e sem gestão, em novos eucaliptais em zonas de aptidão A e B e na substituição do eucalipto por espécies autóctones em áreas de C e D, estas últimas de preferência em áreas classificadas (Rede Natura 2000, Áreas Protegidas, Sítios Ramsar), tendo em vista resolver o problema de abastecimento e mitigar os impactes ambientais.”
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