É o Douro uma boa região para investir? A Rede EmpreenDouro discutiu e
promoveu oportunidades de investimento nesta região que encerra
múltiplas potencialidades capazes de se transformarem em
oportunidades.
Durante dois dias (2 e 3 de Maio), passaram pela Universidade de
Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) diversos exemplos de iniciativas
empresariais que vão emergindo nesta região Património Mundial, de
forma a chamar a atenção para todo o potencial endógeno que o Douro
encerra.
"Eu acredito muito na marca Douro, em todo o seu património e no seu
enorme potencial". Sandra Tavares da Silva, ex-modelo oriunda da
região de Lisboa, foi um exemplo de sucesso mais inspiradores
apresentados na UTAD. Em 1999, recém-formada em Enologia, Sandra
Tavares da Silva iniciou um estágio numa quinta duriense e logo se
apaixonou por esta região. Dois anos mais tarde, casava-se com Jorge
Serôdio Borges e decidiam iniciar em conjunto um projeto de produção
de vinhos, a Wine & Soul.
O casal assina um dos vinhos mais emblemáticos do Douro atual, o
Pintas, e Sandra está também ligada a outros produtores, nomeadamente
ao conhecido grupo Douro Boys. Sandra e Jorge apostam nos vinhos DOC
Douro, mas diferenciam-se da sua geração pela forte aposta que têm
feito no vinho do Porto, um setor tradicionalmente mais fechado a
novos empreendedores. "O nosso futuro é conseguirmos vocacionar-nos
mais para o vinho do Porto. O vinho do Porto é um clássico do Douro,
só nós [durienses] o sabemos produzir no mundo".
Falar em empreendedorismo no Douro é falar no vinho, "a matriz e a
referência" no Douro, como sublinhou Manuel de Novaes Cabral,
presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP). "Foi a
vinha e o vinho que permitiram a esta região ser classificada como
Património da Humanidade", afirmou, alertando para a necessidade de
introduzir o valor do território, da sua história e da cultura em cada
garrafa de vinho. "O Douro é esmagador. Devemos utilizar esta força
para aumentar o valor do produto", anotou Manuel Cabral.
As potencialidades do Douro não encerram no entanto nos vinhos e no
turismo. É necessário "diversificar", apostando noutros produtos, como
o azeite, por exemplo. Ou até as ervas finas. Um dos projetos mais
inovadores e dinâmicos do Douro atual é liderado por Graça Soares que
em 2006 fundou a empresa Ervas Finas, uma espécie de "jardim
comestível" de aromas, cores, formas e texturas, cultivado de modo
biológico. Situada em Fonteita (Andrães, Vila Real), a Ervas Finas
abastece de ervas aromáticas, flores comestíveis, micro-verdes, etc,
alguns dos melhores chefes de cozinha do país. A empresa inclui ainda
um Centro de Interpretação e Desenvolvimento - com uma cozinha
experimental -, na qual se testam ervas e flores e a sua combinação
com os mais variados ingredientes. "Foi duro e tem sido duro
empreender, mas temos que ter visão e superar as nossas dificuldades",
sublinhou Graça.
O Fórum de Empreendedorismo e Empregabilidade foi promovido pela UTAD
em articulação com as 26 entidades, públicas e privadas, que integram
a Rede EmpreenDouro. O encontro cruzou com o objetivo mais ambicioso
da Rede EmpreenDouro: motivar a inversão do movimento de saída de
população duriense, nomeadamente de jovens, para outras paragens e
conseguir dinamizar novas iniciativas empresariais na região do Douro.
"O Douro é um território com recursos sobejamente conhecidos. Tem uma
identidade própria tão intensa que é uma região de excelência para
investir", referiu Célia Ramos, chefe da Estrutura de Missão da Região
Demarcada do Douro, entidade que congregou vontades e dinamiza a Rede
EmpreenDouro.
Novo papel da universidade
No Fórum de Empreendedorismo & Empregabilidade, que contou com a
presença de reconhecidos nomes do empreendedorismo em Portugal e de
empresas com as quais a UTAD mantém ligação estreita, foi sublinhado o
novo papel da universidade no desenvolvimento de um ecossistema
empreendedor. Neste âmbito, foram apresentados casos de empresas
criadas por antigos alunos da UTAD, algumas dos quais estão a ser
apoiadas pela estrutura de incubação desta instituição, situada no
Campus universitário, numa estratégia de fixação de população e em
articulação com o recentemente aprovado Parque de Ciência e Tecnologia
de Trás-os-Montes.
"O emprego para toda a vida terminou, queremos que os alunos cheguem
ao fim do curso com ideias de negócio", sublinhou Fontaínhas
Fernandes, que coordena o gabinete de pré-incubação da UTAD. Esta é
atualmente uma das maiores apostas da UTAD.
Entre alunos e ex-alunos, "vale a pena acreditar", "inovar",
"persistir", "empreender", foram algumas das palavras que mais se
ouviram. Rui Ferreira é fotojornalista e empreende na área da
comunicação multimédia. "Se acreditarmos em nós próprios, trabalharmos
com paixão, conseguimos atingir nossos objetivos", sublinhava. Marco
Barbosa, que conquistou o 4º lugar no concurso mundial de ideias da
Microsoft Imagine Cup 2008, apresentou a sua empresa de comércio on
line, Bewarket, através da qual é possível comprar, vender, doar e
revender produtos com amigos, conhecidos e toda a rede do facebook.
Tiago Costa, um apaixonado pelo associativismo, apresentou por seu
lado, o curioso projeto "Age+", que se desenvolve na área do
empreendedorismo social. Este projeto inclui uma escoa de música
(Music's Cool) com cerca de 100 jovens, uma tuna juvenil e um centro
de estudos, entre outras áreas. Outro ex-aluno da UTAD, Filipe Pinto,
conhecido por ter ganho, em 2009, o concurso Ídolos, da SIC, patilhou
também o seu percurso de sucesso. O conhecido cantor editou
recentemente um CD – Cerne - e criou a empresa Raízes do Som, que
envolve duas áreas, música e ambiente.
http://www.noticiasdevilareal.com/noticias/index.php?action=getDetalhe&id=13168
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