Alimentação
03.05.2012 - 19:01 Por Pedro Crisóstomo
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Este ano, deverão ser produzidas 488 milhões de toneladas de arroz a
nível mundial
(Foto: Enric Vives-Rubio)
Os preços internacionais dos cereais desceram, num mês, cerca de 2% a
nível global, contribuindo para o recuo dos preços das matérias-primas
para os 214 pontos – um nível que a Organização da ONU para a
Agricultura e Alimentação (FAO) considera elevado, apesar de estar
afastada uma repetição da crise alimentar como a de 2008.
De acordo com o relatório semestral Perspectivas da Alimentação, hoje
divulgado pela FAO, o índice que mede os preços dos cereais situou-se,
nos quatro primeiros meses do ano, nos 225 pontos, valor possível
devido à descida de 11,7% em relação ao mesmo período de 2011.
O principal indicador do preço internacional dos alimentos, que
engloba 55 matérias-primas, só recuou, contudo, em Abril, ao fim de
três meses consecutivos em alta. E deverá manter-se estável nos
próximos meses, afirmou à Reuters Abdolreza Abbassian, economista do
sector de cereais da FAO.
Ao cair para os 214 pontos, mantém-se distante do recorde de 235
pontos atingido em Abril do ano passado e "bem acima" da barreira dos
200 pontos que conduziu à crise alimentar há quatro anos, quando o
preço do arroz disparou 170% e o do milho subiu 140%.
Agora, estão a recuar. O custo internacional do arroz caiu 4% em
Abril, em termos homólogos, enquanto o do milho desceu 15%. E maior
ainda é a descida do preço do trigo (21%).
O preço dos produtos lácteos também caiu (11%) e o mesmo se passou com
o açúcar (5%).
Pelo contrário, os preços da carne aumentaram, em média, 3,5%, o que a
FAO atribui à menor oferta dos países exportadores e à procura
sustentada das importações.
As perspectivas da organização das Nações Unidas para a produção de
cereais para este ano são positivas: um recorde de 2371 milhões de
toneladas mundiais, mesmo com a esperada quebra de produção de 3,6% no
trigo, que é contrabalançada com um aumento nos cereais secundários.
A consultora da FAO Ann Berg sublinhava em entrevista ao PÚBLICO, em
Fevereiro, a tendência para a estabilização dos preços dos cereais. "É
impossível prever o que vai acontecer porque factores que menos
esperamos afectam directamente os preços". Mas enfatizava: o cenário
da crise alimentar de 2008 "não se vai repetir".
O recorde de produção de milho conseguido no ano passado pela China,
segundo maior produtor mundial, deverá ser batido novamente este ano:
cerca de 190 milhões de toneladas. Na União Europeia, é esperada uma
quebra de produção à volta dos 4%, para as 64 milhões de toneladas.
Os cálculos da FAO apontam para que a produção de arroz chegue às 488
milhões de toneladas, correspondente a um aumento de 1,7%. Mas a
estabilização da procura de importações e o regresso da Índia como um
dos principais exportadores de arroz deverá ajudar a manter os preços
baixos.
http://economia.publico.pt/Noticia/o-preco-dos-cereais-baixou-mas-o-custo-dos-alimentos-ainda-preocupa-a-fao-1544573
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