2 de Maio de 2012 às 14:20:45 por Lusa
Em declarações à agência Lusa, a dirigente do SCESSP Isabel Camarinha
disse que os responsáveis sindicais vão, durante o dia de hoje
[Quarta-feira], "analisar e decidir o que fazer" em relação à campanha
das lojas do grupo Jerónimo Martins, que no 1.º de Maio realizou uma
campanha de 50% de desconto nas compras superiores a 100 euros.
"Não pomos de parte a possibilidade de apresentar queixa à autoridade
da concorrência", referiu Isabel Camarinha.
"Vamos tomar todas as medidas que estiverem ao nosso alcance, porque
estamos perante uma atitude de concorrência desleal em relação aos
outros grupos (económicos), além de que foram cometidas imensas
ilegalidades contra os trabalhadores", criticou.
Isabel Camarinha lembrou que o sindicado tinha emitido um pré-aviso de
greve para o Dia do Trabalhador, que foi "desrespeitado" pela Jerónimo
Martins.
Ao sindicado chegaram inúmeros relatos de funcionários do grupo que
terão sido "ameaçados" com faltas injustificadas caso não fossem
trabalhar, relatou à Lusa.
"Já no ano passado, a Jerónimo Martins tinha decidido desrespeitar o
Dia do Trabalhador, abrindo portas. Este ano, não só manteve essa
atitude, como escolheu esse dia para promover uma campanha que teve o
efeito que foi visto por toda a gente", acusou a sindicalista,
sublinhando que chegaram ao SCESSP inúmeros relatos de "ilegalidades
cometidas contra os trabalhadores".
Isabel Camarinha denunciou uma outra prática ilegal alegadamente
promovida pela empresa Jerónimo Martins: "Os horários de trabalho têm
de ser definidos com 30 dias de antecedência, mas a empresa esteve a
ligar aos trabalhadores que estavam de descanso ou de férias, para que
fossem trabalhar naquele dia".
"Nós sabemos que houve trabalhadores que foram ameaçados de que se não
fossem trabalhar no dia 01 [de Maio] teriam faltas injustificadas. No
Pingo Doce isso aconteceu em muitas lojas pelo país todo, sabendo eles
que o sindicato tinha emitido um pré-aviso de greve e, portanto, os
trabalhadores tinham todo o direito de não ir trabalhar, mas foram
ameaçados com faltas injustificadas se não fossem", disse Isabel
Camarinha.
Para o Sindicato do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal, a
campanha do Pingo Doce, que na terça-feira ofereceu um desconto de 50%
em compras superiores a 100 euros, é sinónimo de "dumping" (vender
produtos abaixo do preço).
A iniciativa gerou enorme confusão em todo o país, tendo as forças
policiais registado 40 incidentes só nas áreas metropolitanas de
Lisboa e Porto.
"A campanha aproveitou-se da crise, da situação em que vivem milhares
de famílias e da falta de poder económico que vivem as pessoas, para
promover aquela campanha que causou aqueles incidentes todos, porque
nem sequer estavam preparados para aquilo", criticou a sindicalista.
http://www.hipersuper.pt/2012/05/02/sindicato-do-comercio-admite-apresentar-queixa-por-alegado-dumping/
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