03.05.2012
Helena Geraldes
Os modelos científicos não estão a ser capazes de prever o real
impacto das alterações climáticas nas plantas, que florescem mais cedo
do que o estimado, diz um estudo publicado nesta quarta-feira na
revista científica britânica Nature.
Há mais de 20 anos que os cientistas simulam como vão as plantas
responder às alterações climáticas. Esses estudos têm concluído que as
plantas começam a dar folhas e flores entre 1,9 e 3,3 dias mais cedo
por cada grau de aumento da temperatura. Mas, segundo o estudo da
Nature, os números são mais elevados na realidade, na ordem dos 5 a 6
dias.
Estes resultados baseiam-se na comparação entre experiências em 1634
espécies de plantas e as observações a longo prazo dessas espécies na
natureza, que foram realizadas por 22 instituições nos Estados Unidos,
Canadá, Suécia, Suíça e Reino Unido.
"Até agora, partíamos do princípio de que os sistemas experimentais
respondiam da mesma maneira do que os sistemas naturais. Mas não é o
caso", disse em comunicado o co-autor do estudo, Benjamin Cook, do
Observatório da Terra Lamont-Doherty na Universidade de Columbia, em
Nova Iorque.
Os métodos experimentais poderão estar a falhar porque reduzem a luz,
o vento e a humidade do solo, o que influencia a maturidade das
plantas, refere o estudo. Como exemplo, os investigadores exemplificam
que a floração das cerejeiras em Washington é hoje uma semana mais
cedo em relação aos anos de 1970.
"Isto significa que as alterações previstas nos ecossistemas,
incluindo Primaveras mais precoces em grande parte do planeta, podem
ser muito maiores do que as actuais estimativas, baseadas em
experiências", disse Elizabeth Wolkovich, da Universidade da Columbia
Britânica, em Vancouver, uma das autoras do estudo.
Para Elizabeth Wolkovich, imitar a natureza é muito mais difícil do
que se pensa. Por exemplo, a equipa responsável pelo estudo descobriu
que, em alguns casos, o uso de câmaras de aquecimento para aumentar as
temperaturas artificialmente pode ter o efeito contrário. "No mundo
real não vemos mudanças na temperatura; vemos mudanças na precipitação
e nos padrões das nuvens e outros factores. Estamos muito, mas muito
longe de conseguir replicar as alterações nas nuvens", disse à BBC.
"Acho que nunca vamos imitar a natureza na perfeição. Mas acredito que
podemos fazer muito melhor."
Prever as respostas das plantas às alterações climáticas tem
consequências importantes para o abastecimento de água às populações
humanas, para a polinização de culturas e o bem-estar geral dos
ecossistemas, lembram os investigadores.
http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1544525&utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+PublicoEcosfera+%28Publico.pt+-+Ecosfera%29
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