quarta-feira, 2 de maio de 2012

Vigilantes denunciam falta de pessoal em parques naturais mas autarcas estão pouco preocupados

A falta de vigilantes nos parques naturais apontada pela associação
nacional de profissionais do sector preocupa pouco alguns autarcas das
regiões abrangidas, que consideram que o país tem outras prioridades e
concordam que novas contratações estão "fora de questão".

Portugal continental tem actualmente 180 vigilantes em funções. Mas,
segundo a Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza
(APGVN), não são suficientes para cobrir nem metade do território.

O Parque Natural do Douro Internacional tem dois vigilantes para
87.011,26 hectares. O Parque Natural do Tejo Internacional também
conta com dois vigilantes.


Apesar das queixas destes profissionais, a ministra do Ambiente,
Assunção Cristas, já fez saber que não exclui a passagem de pessoas
para mobilidade especial ou rescisões por mútuo acordo, no âmbito da
reestruturação que o ministério vai realizar a nível de organismos e
pessoal.

Contactado pela Lusa, o presidente da APGVN, Francisco Correia,
defendeu que algumas dessas pessoas que serão colocadas em mobilidade
poderiam juntar-se aos vigilantes da natureza, "desde que com formação
e adequada e vocação". "Se houver formação adequada, são precisos sim.
Neste sector, onde há muita falta de pessoas, seriam bem
aproveitados", disse Francisco Correia.

Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Idanha-a-Nova,
município atravessado pelo Parque Natural do Tejo Internacional,
defendeu que a "situação no país é difícil, há coisas mais
prioritárias do que a vigilância do parque e o país não tem condições
para exigir mais vigilantes". Álvaro José Rocha (PS) disse ainda não
saber "se a vigilância será ou não de importância vital para aquilo
que são as actividades do parque", que são poucas. "Se quisermos dar
vida ao parque, os vigilantes são importantes para dar segurança e
acompanhamento aos turistas", afirmou.

Em Vila Velha de Ródão, a presidente da câmara, Maria do Carmo
Sequeira (PS), admitiu que a vigilância "é pouca" e frisou que os
vigilantes só aparecem "quando há queixas e mais para aplicar multa do
que para fazer vigilância".

Do lado do Parque Natural do Douro Internacional, o autarca de
Mogadouro, António Morais Machado (PSD), disse que já há um ano
denunciou a "falta de investimentos, de pessoal do quadro - só há dois
elementos - e de vigilantes". No entanto, admitiu que a falta de
vigilantes "não incomoda muito" porque "aplicam multas e pouco mais".

Para António Morais Machado deveria apostar-se na sustentabilidade do
parque de forma a "melhorar as condições de vida das populações e não
haver necessidade de emigrar, como está a acontecer no momento, que é
de despovoamento total".

O autarca defendeu ainda que a gestão dos parques naturais deveria
"pertencer aos autarcas" porque "não há ninguém que defenda tão bem o
seu território".

Fonte: Lusa

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2012/05/02b.htm

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