O coordenador do BE afirmou hoje que a campanha promocional do Pingo
Doce permitiu revelar taxas de lucro "inaceitáveis" entre 50 a 80 por
cento, que mostram que "há alguém que está a viver acima das
possibilidades".
"O deslumbramento dos professores de 'marketing' que dizem 'ah, que
grande operação que o doutor Soares dos Santos fez', na verdade foi a
revelação para a sociedade portuguesa de que quem controla a venda aos
consumidores pode ter taxas de lucro de 50 ou de 80 por cento",
considerou Francisco Louçã, no final de uma aula sobre a teoria
marxista, que deu na Faculdade de Economia da Universidade Nova de
Lisboa.
O líder do BE acentuou que "uma taxa de lucro de 80 por cento já não é
um escândalo" e "não há palavras para o designar".
" [Isto] quer dizer que toda a gente podia comprar duas vezes mais
produtos alimentares se os preços fossem aceitáveis, podia viver
normalmente, há pessoas que passam fome, que têm dificuldades, há
desempregados, há gente miserável e com imensas aflições", assinalou.
Para Louçã, mais importante do que a campanha feita pelo Pingo Doce no
1º de Maio, Dia do Trabalhador - com descontos de 50 por cento em
compras superiores a 100 euros -, é "o que se passa nos restantes 364
dias do ano": "Todos os que entram naquele supermercado vão comprar 80
por cento acima do preço real, ou seja, vão dar uma taxa de lucro ao
senhor Soares dos Santos com a qual ele esmaga os produtores, destrói
a agricultura, destrói a produção de produtos alimentícios e nos vai
tirar a todos como se fosse um rei Midas".
"Nos casos onde não houve violação [das leis de mercado], os
portugueses percebem que 364 dias por ano estão a pagar 50 por cento
acima do preço normal que podiam pagar, que a empresa tenha a sua taxa
de lucro eu compreendo, agora, se leva50 a80 por cento então
compreende-se bem que com tanta dificuldade na vida das pessoas há
alguém que está a viver acima das nossas possibilidades", criticou o
líder bloquista.
Louçã recordou que "há muito tempo que o BE tem proposto que haja uma
regulamentação que permita que as grandes superfícies ou os
distribuidores não possam tirar ao consumidor e ao produtor e ter
taxas de lucro desta ordem", em nome de "uma sociedade equilibrada" e
de uma "economia decente".
"Uma sociedade decente é uma sociedade que impõe regras e impõe
travões, que torna as pessoas mais capazes de viver com o pouco que
têm, sem serem assaltadas à mão armada", defendeu.
Diário Digital com Lusa
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=571165
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