29-04-2013
As pastagens degradadas da zona mais alta da Graciosa, nos Açores,
estão a ser florestadas para, através das árvores, aproveitar o
nevoeiro para o abastecimento dos aquíferos subterrâneos, colmatando
assim alguns problemas de água que tem esta ilha.
O projecto de arborização das pastagens degradadas e baldias abrange o
exterior da zona da Caldeira da Graciosa e está já instalado um
«povoamento florestal» de um hectare, sendo o prazo previsto para a
conclusão desta fase piloto dois anos, segundo as informações dadas à
Lusa pela Secretaria Regional dos Recursos Naturais.
«Sendo a ilha Graciosa uma das que regista maiores problemas ao nível
da disponibilidade de água, é importante que se promovam alterações no
uso do solo que potenciem a captação e armazenamento de água», disse o
secretário regional dos Recursos Naturais, Luís Neto Viveiros, durante
uma recente visita àquela zona.
O objectivo, a longo prazo, explicou, é transformar «áreas com
elevadas capacidades de captação de nevoeiros, favorecendo assim o
abastecimento dos aquíferos e o encaminhamento das escorrências,
através do sistema de drenagem do Caminho Florestal da Caldeira, para
charcos artificiais a construir».
Segundo a Secretaria Regional dos Recursos Naturais, «existem estudos
que comprovam que a existência da floresta contribui para a
intercepção de nevoeiros nas zonas altas, fenómeno que pode mesmo
fazer triplicar os valores da precipitação num determinado
território», sendo conhecido como «precipitação oculta». Assim, mesmo
durante longos períodos sem chuva, é possível haver uma constante
recarga dos aquíferos, desde que haja nevoeiros e árvores e plantas
que os consigam captar.
A arborização destas zonas será feita com espécies endémicas dos
Açores, por serem «extremamente eficazes no cumprimento destas
funções», ainda segundo as informações sobre o projecto
disponibilizadas à Lusa.
Além da arborização, estão em curso trabalhos para melhorar a rede de
drenagem do Caminho Florestal da Caldeira e construir um charco para
armazenamento das águas. O Núcleo florestal da Caldeira, integrado no
Perímetro Florestal da ilha Graciosa, tem 196 hectares, sendo cerca de
80 pastagens baldias cuja utilização é facultada pelas autoridades
públicas aos produtores de gado.
O projecto em curso pretende arborizar as pastagens de pior qualidade
e melhorar as áreas com «maior potencial produtivo», através da
instalação das chamadas «cortinas de abrigo», sebes constituídas por
plantas ou árvores, colocadas em faixa, para proteger terrenos.
A taxa de arborização na Graciosa é de apenas 16 por cento, segundo
dados oficiais, e daí a aposta nestes projectos de florestação que têm
impactos positivos ao nível da «ntercepção de nevoeiros e aumento da
água disponível, proteção dos animais nas áreas de pastagem e aumento
da produção forrageira», segundo a Secretaria Regional dos Recursos
Naturais.
Também na ilha do Corvo o governo açoriano está a desenvolver, em
parceria com a câmara municipal de Vila Nova do Corvo, um projeto
semelhante de beneficiação das pastagens baldias, que prevê a
instalação de 23.270 metros de «cortinas de abrigo» e «corredores de
protecção à rede hidrográfica».
Fonte: Lusa
http://www.confagri.pt/Noticias/Pages/noticia46253.aspx
Sem comentários:
Enviar um comentário