OPINIÃO
Depois da iniciativa "Vamos plantar Portugal", anunciada pela ministra da Agricultura em dezembro de 2011 no Gerês, da resposta a interesses financeiros, iniciada em 2012 com a amputada "Campanha do Eucalipto", de um arrastado processo de avaliação de uma inconsistente Estratégia Nacional para as Florestas em 2013, a ministra Assunção Cristas prepara para 2014 mais uma ação nacional, desta vez intitulada "Portugal pela Floresta".
A ministra tem revelado um apego ao populismo, também no setor florestal, onde a sua imagem é o destaque principal na campanha que vai pessoalmente lançar amanhã (14 de janeiro), em Lisboa.
Os problemas e as oportunidades do setor não se compadecem com campanhas de imagem, exigem outro tipo de empenho, empenho esse que a equipa ministerial é incapaz de evidenciar, sujeitando-se pura e simplesmente às pressões de quem se apropriou das principais fileiras florestais portuguesas.
As organizações vincadas à atividade silvícola têm aqui uma oportunidade para expressar à ministra que as florestas portuguesas são mais do que as árvores e os seus povoamentos. As florestas portuguesas são sobretudo as centenas de milhares de famílias e as comunidades rurais que as detêm, e que estas organizações dizem representar. Aquelas famílias e comunidades que a ministra deveria valorizar na sua governação, as que podem gerar riqueza e bem estar a médio e longo prazo. As famílias e comunidades rurais que, gerindo mais de 90% do território florestal português, são o suporte real das várias fileiras silvo-industriais portuguesas (muito embora o discurso surja em público sempre enviesado).
Neste domínio, desconhecem-se quaisquer ações da ministra em assegurar um rendimento sustentado ao negócio silvícola, como um dos meios de sustento das populações rurais e garante a uma gestão florestal que proteja as florestas e o Ambiente.
Desconhecem-se também as ações da ministra no fomento de programas de investigação que permitam desenvolver melhores técnicas de gestão, novas produções, a abertura de novos mercados para os produtos e serviços de base florestal.
Desconhecem-se ainda iniciativas da ministra que fomentem ações de extensão florestal, que assegurem o acompanhamento técnico aos agricultores e produtores florestais, transmitindo-lhes os resultados obtidos pela investigação florestal.
Conhecemos sim a resposta da ministra a pressões de interesses financeiros e o apelo à Sociedade para a resolução dos problemas que se enquadram na sua responsabilidade governativa.
Portugal pelas florestas não se pode reduzir a campanhas popularuchas, muito pelo contrário, tem de se suportar no profissionalismo, numa visão de Estado, preocupado com o curto, mas a pensar no médio e longo prazo, vincado em modelos de negócio florestal que valorizem e protejam os recursos naturais e a Sociedade.
O histórico da presente legislatura, na senda das anteriores, tem associado um estrondoso desperdício de oportunidades. Nos últimos 30 anos têm sido privilegiados os interesses financeiros de curto prazo, à custa da perda de valor económico, ambiental e social das florestas.
Lisboa, 13 de janeiro de 2014
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