Janeiro 10
20:02
2014
Na sequência do recente lançamento do Agroinfo.pt em 13 de Dezembro, vamos fazer uma análise do ano agrícola de 2013.
O ano de 2013 caracterizou-se, em termos europeus, pela baixa dos rendimentos do sector agrícola, na ordem dos 4,5%,em relação a 2012.
Devemos ter em consideração que 2012 foi um ano bom, em termos dos rendimentos dos agricultores europeus e, em 2013, o sector dos cereais foi o mais lesado.
Portugal, ao contrário da Europa, registou um crescimento do produto agrícola interno bruto, devido, sobretudo, ao crescente interesse na agricultura.
Em termos gerais, o sector mais penalizado foi o dos cereais, devido às baixas consideráveis no preço. Por outro lado, o sector hortícola voltou a ter preços razoáveis na batata, cebola e cenoura, pelo que o ano foi positivo. Nos sectores do vinho e da azeitona, as produções registaram um forte aumento, que compensou bem alguma descida de preços.
Na pecuária, destaque pela positiva para os sectores da suinicultura e bovinocultura, com preços mais altos do que em 2012, a que se juntou uma baixa do preço das rações, no 2º semestre.
O sector do leite também registou uma boa melhoria no último semestre.
Contrastando com estes sectores, temos as aves e, sobretudo, os ovos, para os quais o ano 2013 teve um saldo negativo.
Vamos, em seguida, analisar mais detalhadamente cada um dos sectores:
Agricultura
Cereais
Apesar de Portugal ser um importador de cereais, os preços foram arrastados para baixo pelos mercados europeus e mundiais.
A importação de cereais, no período de Janeiro a Setembro, foi de 584 583 toneladas, em 2013, contra 610 929 toneladas, em igual período de 2012. Esta descida nas importações deve-se, sobretudo, à baixa do consumo de rações para animais.
Em termos dos principais cereais, temos o trigo, cujo preço baixou, mas que se tem mantido estável, a valores razoáveis, enquanto o milho desceu cerca de 30%.
Esta situação ficou a dever-se a um aumento considerável de produção em todo o mundo. O milho foi o que mais subiu em termos de produção, pois a área semeada nos EUA e no Brasil aumentou consideravelmente este ano, devido aos elevados preços de 2012. De referir, também, o aumento de produção na Rússia e Ucrânia, com este último país a afirmar-se como grande exportador mundial.
Para 2014 as perspectivas não são, a nosso ver, muito animadoras, pois os stocks mundiais de trigo aumentaram devido às boas produções no Canadá e na Austrália, pelo que os preços deste cereal devem sofrer uma tendência para a baixa, como já hoje acontece.
No que diz respeito ao milho, o panorama mundial é o seguinte: devido aos preços baixos deste ano e aos preços elevados da soja, vai haver uma transferência de culturas milho/soja no continente americano, com redução implícita nas produções. Por outro lado, os EUA, primeiro produtor mundial de milho, devem ver a produção de etanol diminuir por imposições governamentais, o que fará baixar a procura de milho. A Ucrânia, apesar de os produtores terem recebido este ano, apenas, entre 130 e 150$ por tonelada, prevê aumentar a produção. Em resumo, e para o milho, a produção deve baixar, mas a procura também, pelo que deve haver uma ligeira recuperação de preços, mas que se deverão situar abaixo dos níveis de 2012.
Hortícolas
Este sector é um dos que mais nos leva a uma grande reflexão, pois temos capacidade produtiva, por vezes temos excessos e não sabemos o que fazer com eles e, finalmente, as análises estatísticas mostram-nos que continuamos importadores!
Analisemos alguns dos principais produtos, sendo que os valores apresentados dizem respeito aos 9 primeiros meses de 2013, comparando-os com igual período de 2012.
Batata – 2013 foi um ano de bons preços para os produtores, que assim puderam recuperar um pouco da situação de 2012, onde a batata chegou a preços abaixo do custo de produção. Em 2013, importámos 231 257 toneladas de batata de conservação, contra 216 275 toneladas, em 2012 e 44 033 toneladas de batata temporã, contra 45 329 toneladas, em 2012. Tivemos, assim, um défice de 186 224 toneladas em 2013, contra 160 946 toneladas em 2012.
Apesar de termos condições naturais para a produção de batata, o valor que mais impressiona é o do défice de produção em 2012, ano em que os produtores tiveram, por vezes, grande dificuldade em escoar o produto, mesmo a preços que não cobriam os custos de produção.
Cebola – em relação à cebola, o cenário é ainda mais curioso, uma vez que importámos, em 2013, 41 998 toneladas, contra 33 151 toneladas, em 2012, o que nos leva a um défice de 37 553 toneladas em 2013 e de 31 021 toneladas em 2012.
A grande questão é de como são possíveis estes níveis de importação de um produto que se dá bem em Portugal e que já por várias vezes os produtores foram confrontados com preços tão baixos, que preferiram destruir e enterrar a cultura do que apanhá-la e colocá-la no mercado.
Couve-flor – na couve-flor o cenário é muito idêntico ao da cebola, talvez ainda pior. Quantas vezes é que já passámos de carro pela zona do Oeste e vimos campos de couve-flor abandonados e que são posteriormente gradados para outra cultura. Isto acontece quando não há escoamento do produto e os preços não pagam a apanha. Apesar desta situação, em 2013, importámos 9 931 toneladas de couve-flor, tendo esse valor sido de 8 462 toneladas, em 2012, o que nos leva a um défice de produção de 6 973 toneladas em 2013 e de 7 007 toneladas em 2012.
Cenoura – felizmente o cenário inverte-se quando falamos da cenoura e do tomate, tendo, no caso da cenoura, sido exportadas, em 2013, 22 235 toneladas, contra 19 476 toneladas, em 2012, o que nos dá um excedente de 286 toneladas em 2013, contra 2 598 toneladas em 2012. Não são grandes quantidades, mas somos excedentários, tendo o valor de 2012 sido superior ao de 2013, uma vez que em 2012 o ano teve preços baixos, o que implicou uma diminuição da área semeada em 2013, baixando a produção e fazendo subir os preços.
Tomate – no tomate temos a nossa "jóia da coroa", com exportações, em 2013, de 85 517 toneladas, contra 87 892 toneladas em 2012, o que nos dá um excedente de produção de 56 655 toneladas em 2013, contra um excedente de 62 375 toneladas em 2012.
Este é um exemplo claro de que, aproveitando as condições naturais no nosso país, temos capacidade para sermos competitivos no mercado europeu. Com a cenoura a situação é muito parecida, pois, nos últimos anos, as produções mais do que duplicaram, tendo nós, neste momento, uma produtividade de alto nível europeu.
A grande questão é que no caso da batata e da cebola, também temos óptimas condições de produção e produtividade ao nível europeu, mas somos deficitários. Curioso, também, será verificar a situação de que nos dois hortícolas que são de consumo imediato, nós somos excedentários, e nos outros dois, que são produtos sazonais, implicando períodos de conservação mais ou menos longos, somos deficitários.
Será que o problema são os agricultores ou são as deficientes estruturas de armazenagem e conservação dos produtos?
Fruticultura
Os valores que vamos apresentar dizem respeito aos primeiros 9 meses de 2013, comparando-os com igual período de 2012.
Comecemos pelo sector de maior sucesso, ou seja, o da pera. Este ano exportámos 36 328 toneladas, contra 35 686 em 2012, o que nos dá um excedente de produção de 22 241 toneladas, em 2013, contra 35 686, em 2012. Na pera rocha há a destacar o excepcional trabalho que tem sido feito pelas organizações de produtores no aconselhamento técnico à plantação e reestruturação dos pomares e à criação de estruturas de armazenagem e comercialização. Apesar de este ano a produção ter sido inferior, é um sector de grande futuro para o nosso país.
Passando para a laranja, fruto com grandes tradições, registámos, também um excedente de produção, que foi de 5 251 toneladas em 2013, contra 15 645 toneladas em 2012. Apesar de este valor ter descido em 2013, continuamos exportadores.
Outro fruto que nos últimos anos tem tido um grande desenvolvimento, é o pinhão, tendo em 2013 sido exportadas 9 809 toneladas e, em 2012, 9 574 toneladas. O saldo positivo das exportações foi de 7 134 toneladas em 2012 e de 9 197 toneladas em 2013, o que mostra o desenvolvimento da produção, que tem aproveitado zonas florestais de boa apetência para o pinheiro manso.
Analisámos situações positivas. Vamos, agora, infelizmente, para as negativas.
Assim, temos um défice de pêssego de 25 498 toneladas em 2013, contra 20 786 toneladas em 2012, um défice de uva de mesa de 18 064 toneladas em 2013, contra 15 216 toneladas em 2012, um défice para o morango de 12 883 toneladas em 2013, contra 15 197 toneladas em 2012, um défice para o melão de 23 289 toneladas em 2013, contra 19 170 em 2012, um défice para a maçã de 29 551 toneladas em 2013, contra 19 536 toneladas em 2012 e, para a cereja, um défice de 4 370 toneladas em 2013, contra 1845 toneladas em 2012.
A grande questão é que temos boas condições naturais para a fruticultura, como provámos com a laranja e, com o caso de sucesso da pera rocha. Como é que se explica que, no contexto geral, somos altamente deficitários em fruta?
Vale, talvez, a pena, compararmos a organização para o armazenamento e comercialização da pera rocha com a de outras frutas, para podermos tirar conclusões.
Floricultura
Este sector teve um desenvolvimento exponencial nas décadas de 70 e 80, levando ao aparecimento de empresas de boa dimensão, mas que nunca se conseguiram organizar entre si. Em termos das principais espécies de flores, somos excedentários em cravo, lílio e gladíolo e somos deficitários em rosa e crisântemos. No contexto geral, continuamos deficitários em flores.
O ano 2013 trouxe, no entanto, alterações à estrutura de mercado, com o início das vendas significativas das flores nos supermercados. Começou, assim, a inverter-se a situação da utilização das flores principalmente nos funerais e passou a utilizar-se como prazer pessoal. Este é um sector, a nosso ver, que tem potencial exportador, que, no entanto, não se tem afirmado, por estar controlado por empresas que preferem trabalhar isoladamente, em vez de trabalhar em mútua cooperação.
Azeite
Este sector tem tido um desenvolvimento impressionante nos últimos anos, com a instalação de olivais modernos e automatizados, sendo que, no entanto, continuamos a ser deficitários. Assim, nos primeiros 9 meses de 2012, exportámos 69 159 toneladas de azeite e importámos 102 232 toneladas, enquanto em igual período de 2013, exportámos 73 879 toneladas e importámos 82 951 toneladas. O défice de produção de 2012 foi de 2713 toneladas, que subiu para 9072 toneladas em 2013. Para esta diferença contribuíram decisivamente o aumento das importações, pois as exportações mantiveram-se estáveis.
Vinho
O vinho é um dos produtos que mais tem contribuído para a melhoria da nossa balança comercial, apesar de sermos o 3º país do mundo com consumo per capita.
Portugal, em 2012, foi o 6º país no mundo em aumento das exportações, com mais 27,2 milhões de litros. O valor das exportações, em 2000, foi de 506,7 milhões de euros e, em 2012, foi 706,9 milhões de euros. Em 2013 a produção de vinho aumentou 10,6% para os 6,73 milhões de hectolitros, mantendo um alto nível de qualidade.
Este é um sector onde se tem verificado a concentração em empresas vitivinícolas que começam a ter capacidade para promover o nosso vinho no estrangeiro.
Com a nova reforma da Política Agrícola Comum (PAC) vão ser disponibilizados fundo comunitários para a promoção do vinho europeu em países terceiros, pelo que se as empresas do sector souberem aproveitar bem essa ajuda, podemos vir a aumentar as nossas exportações, pois temos qualidade para competir em qualquer lugar do mundo.
Pecuária
Suínos
O sector viveu, este ano, uma situação melhor do que a de 2012, com os preços da carne a valores médios superiores e com uma descida no custo de produção, devido à baixa do preço das rações, que se fez sentir a partir de Abril/Maio. O ano, em termos de mercado, estava a correr bem, com um mês de Setembro atípico, pois os preços, em vez de descerem, como é habitual, mantiveram-se, o que antevia um bom fim de ano, o que, infelizmente, não aconteceu, com os preços a descer, pressionados pelo mercado alemão, o que levou a um fim de ano com valores mais baixos do que em 2012.
Em termos de produção, este ano temos uma considerável baixa, pois, apesar de o consumo por habitante ter descido pouco em 2013, para 41,8 kg/ano (42,6 kg em 2012), a nossa taxa de auto-aprovisionamento baixou substancialmente, de 60,6% para 54,7%.
As nossas exportações de carne mantiveram-se estáveis, tendo, em 2012, sido exportadas 28 053 toneladas, contra 26 252 toneladas nos primeiros 10 meses de 2013, o que até pode antever um ligeiro aumento global para 2013. No entanto, nas importações, nos primeiros 10 meses de 2013 já importámos 105 789 toneladas, o que se aproxima do valor de todo o ano de 2012, que foi de 113 630 toneladas.
No que respeita a animais vivos, as nossas exportações baixaram, tendo exportado, nos 10 primeiros meses de 2013, 12 000 toneladas, enquanto em todo o ano de 2012, esse valor foi de 19 914 toneladas. Por outro lado, as importações aumentaram, pois em 2012 o valor foi 110 817 toneladas e, nos primeiros 10 meses de 2013, já atingimos o valor de 98 244 toneladas.
Estes valores mostram um aumento das importações, o que aliado a uma ligeira baixa no consumo, nos leva a uma baixa significativa da produção nacional. Com estes números penso que é importante parar para reflectir, para encontrar as razões pelas quais este sector passou de uma taxa de autossuficiência de 100% em 1974, para 54,7% em 2013 e, mais grave do que isso, o porquê de descer de 60,6% para 54,7% num único ano. Pode-se invocar que a adaptação das explorações às novas normas do bem-estar animal implicaram uma redução da produção. É um bom argumento. No entanto, não pode explicar tudo, uma vez que hoje em dia a produção está organizada e os níveis de produtividade estão acima da média europeia.
Boa produtividade, grande défice de produção interna, boas condições para a produção, que, contudo, não aumenta, antes pelo contrário, recua. Porquê?
Permitimo-nos avançar duas razões. A primeira, a burocracia que existe no nosso país, que proíbe, praticamente, a construção de novas instalações, devido ao tempo que levam as aprovações. O licenciamento das existências e o plano de gestão de efluentes, completamente desajustados da realidade nacional, levam à subida dos custos de produção, perdendo-se, inclusive, matéria-prima, que é importante para a fertilização dos terrenos. A segunda, a situação de grande debilidade da indústria de abate, devido, por um lado, a uma má estruturação (excesso de matadouros) e, por outro lado, à pressão da grande distribuição (consequência, também, dessa deficiente estruturação), que pressiona o preço da carne para valores que retiram qualquer rentabilidade ao sector.
Em Portugal a carne de porco é vendida nos grandes supermercados a preços muito mais baixos do que no resto da Europa, o que traz consequências directas na indústria e indirectas na produção. No momento em que o consumidor português começa a preferir o produto nacional e em que a União Europeia vai impor a etiquetagem obrigatória da carne com indicação do país de origem, está chegado o momento da grande distribuição analisar e reflectir se a política que tem seguido até aqui é a que melhor vai servir o consumidor no futuro.
Bovinos
O consumo da carne de bovino manteve-se estável em 2013 relativamente a 2012, situando-se nos 15,6 kg/habitante/ano. No que respeita à produção, verificamos uma descida da mesma, tendo passado a nossa taxa de autossuficiência de 65% em 2012 para 59,3% em 2013. Não se nota uma diminuição nas vacadas, pelo que a justificação desta baixa pode ser explicada pelo elevado número de abates de vitelões, que são animais que não vão ser engordados.
Em relação a preços, a situação foi muito boa a nível europeu e, também, a nível nacional, atingindo valores que há muitos anos não se verificavam.
A situação de escassez de carne tem levado a grande procura de vitelos para engorda, o que aliado ao abate dos vitelões, tem levado o preço dos animais de engorda para valores, diríamos, recorde. Os donos das vacadas agradecem esta situação, que tem contribuído consideravelmente para um aumento do seu rendimento, mas trazido problemas aos engordadores, que têm de despender muito dinheiro na compra dos vitelos e, apesar dos preços altos da carne e da baixa do preço das rações, estão longe de terem a sua rentabilidade assegurada.
Este ano, nos 10 primeiros meses, importámos 72 807 toneladas de carne, contra 79 380 toneladas em todo o ano de 2012 e exportámos, respectivamente, 5 815 toneladas e 8 990 toneladas, em iguais períodos.
No que diz respeito aos animais vivos, exportámos, nos 10 primeiros meses de 2013, 12 884 toneladas, contra 15 156 toneladas em todo o ano de 2012, sendo que as importações para períodos idênticos, registaram os valores de 1 914 toneladas e 1507 toneladas, respectivamente.
Este sector, devido à conjuntura internacional, tem todas as condições para manter elevados preços da carne em 2014.
Aves
Frango – a produção de frango, ao contrário das outras carnes, tem levado a uma autossuficiência nacional.
Em 2012, a taxa de autossuficiência foi de 101%, valor esse que desceu para 99,5% em 2013.
O sector tem vindo a atravessar uma crise de preços, que se acentuou após o Verão, com a retirada das restituições à exportação da carne de frangos para países terceiros, pela Comissão Europeia.
Em Portugal, a produção está perfeitamente organizada e assente em 2 grandes grupos de nível europeu, não se compreendendo muito bem como é que os preços podem chegar a valores tão baixos nos supermercados.
O consumo da carne de frango está estável, com um ligeiro aumento, tendo passado de 22,4Kg/habitante em 2012 para 22,6kg/habitante em 2013.
Em termos de trocas comerciais, exportámos, em 2012, 9 509 toneladas e importámos 6 901 toneladas, enquanto nos primeiros 10 meses de 2013, importámos 6 284 toneladas e exportámos 6 431 toneladas.
Ovos
O sector dos ovos tem atravessado este ano uma grave crise, com preços baixos, que não foram compensados pela baixa do preço das rações registada no segundo semestre deste ano.
Este problema deve-se, sobretudo, à situação que foi vivida na Europa, em 2012, com a aplicação das novas normas comunitárias de bem-estar animal nas galinhas, que levou, no início deste ano, ao encerramento de muitas unidades, provocando uma baixa significativa na produção e, consequentemente, uma subida de preços.
Estes preços atingiram um pico no Verão de 2012, quase duplicando os valores de 2011, o que levou os produtores a investirem na produção de mais ovos, verificando-se, agora, o reverso da medalha, com uma sobreprodução europeia, com um desequilíbrio entre a oferta e a procura, com preços muito baixos.
O consumo, em Portugal, está estável, tendo-se registado, em 2012, um consumo de 134 ovos/habitante, enquanto as previsões para 2013 indicam um ligeiro aumento para 139 ovos/habitante. A produção portuguesa de ovos foi de 1 406 273 000 ovos em 2012 e 1 222 179 000 ovos nos primeiros 10 meses de 2013.
Caprinos
Este sector tem muito pouca relevância no nosso país e, uma vez que as explorações são, na maior parte dos casos, familiares, é muito difícil ter dados estatísticos correctos. Por exemplo, se calcularmos o consumo na base dos abates aprovados oficialmente, chegamos a um valor por habitante de 190 gr/carne/ano, o que é, manifestamente, muito abaixo da realidade. Os abates caseiros continuam a ser uma realidade neste sector.
De toda a maneira e, em termos de trocas comerciais com o exterior, temos a registar em 2012, a exportações de 56 toneladas de carne e a importação de 1 129 toneladas. Já em relação aos primeiros 10 meses de 2013, importámos 1 147 toneladas de carne, tendo exportado 377 toneladas.
Ovinos
Este sector, apesar de já ter rebanhos de boa dimensão, ainda regista muitos abates familiares, pelo que os dados estatísticos são de pouca fiabilidade.
Estes dados indicam que o consumo per capita em Portugal situa-se em 1,4kg/ano. Em termos de trocas comerciais, temos que em 2012 importámos 5 380 toneladas de carne e exportámos 362 toneladas, enquanto nos primeiros 10 meses de 2013 importámos 2 234 toneladas de carne exportámos 548 toneladas.
No que diz respeito a animais vivos, exportámos, em 2012, 1 440 toneladas e importámos 930 toneladas, enquanto nos primeiros 10 meses de 2013, importámos 846 toneladas e exportámos 2 009 toneladas. Regista-se, pois, um aumento nas exportações de animais vivos e de carne e uma estabilidade nas importações.
Leite
Este sector viveu, em 2012 e início de 2013, dias difíceis. A partir do Verão de 2013, o preço do leite não tem parado de aumentar, o que associado à descida do preço das rações, transformou este sector num dos mais rentáveis nos nossos dias. Em Portugal, a situação dos preços baixos levou a uma descida considerável da produção, tendo passado de uma situação limite de quota leiteira, para uma situação nitidamente abaixo desse valor.
De Janeiro a Setembro deste ano, Portugal foi o país europeu onde mais desceu a produção cerca de 5% e é o país da Europa dos 15 com o preço mais baixo.
Os preços altos do leite devem manter-se em 2014, uma vez que a procura no mercado mundial, sobretudo por parte da China aumentou muito e deve manter-se nos mesmos níveis. A China teve um grande surto de febre aftosa e vai levar algum tempo a regularizar a sua situação.
Uma das reflexões que devemos fazer é de como é que é possível num país onde a industrialização e comercialização do leite estão controladas pelas cooperativas de produtores, o preço seja tão baixo, comparado com os principais países produtores europeus. Arriscamos a pensar que a pressão da grande distribuição tem jogado, aqui, um papel importante.
Em termos de comércio internacional, em 2012 importámos 401 997 toneladas de produtos lácteos e exportámos 313 819 toneladas, enquanto de Janeiro a Setembro de 2013, importámos 286 385 toneladas e exportámos 214 235 toneladas. Assim, tivemos em 2013 uma diminuição das importações de 13,7% e das exportações de 24,1%, o que ainda acentuou o nosso défice externo. Devido à actual conjuntura mundial, este sector tem todas as condições para crescer e ganhar dinheiro em 2014.
Floresta
Cortiça
Portugal continua a ser o maior produtor mundial de cortiça, não se limitando a preparar e transformar a sua própria cortiça, mas também importando, transformando e exportando.
Não existem dados estatísticos de 2013, mas o comércio internacional nos últimos 2 anos mostra uma actividade estável, o que não é de admirar, pois as produções não podem variar muito de ano para ano. Assim, em 2011 importámos de cortiça natural 70 242 toneladas, tendo exportado em transformados de cortiça, 180 735 toneladas e, em cortiça natural, 35 714 toneladas. No que diz respeito a 2012, os dados são muito idênticos, com 71 208 toneladas de cortiça natural importada, 188 700 toneladas de produtos transformados de cortiça e 44 144 toneladas de cortiça natural, exportados.
Este sector é um dos únicos, senão o único na Europa, que é controlado por um monopólio. Daí, talvez, a razão porque o preço tem estado estável nos últimos anos, mas 50% inferior ao que era praticado há 10 anos atrás.
Este é o sector em que os produtores estão completamente dependentes do comprador, que define o preço, sabendo que não é legal arrancar sobreiros para substituir por outra espécie florestal e a plantação de novas árvores leva a uma espera de 40 a 50 anos para uma nova produção.
Consideração final:
Procurámos, com este trabalho, abordar os principais sectores e aqueles que neste momento estão tratados na Agroinfo.pt. Para 2014 pensamos estender a informação a mais sectores agrícolas, tornando-a mais abrangente.
Os dados estatísticos apresentados são do INE.
As considerações aqui feitas são pessoais, pelo que descrevem tão somente a nossa opinião.
António Tavares (Coordenação da equipa Agroinfo)
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