quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Olival é cultura em destaque nas investigações da Universidade de Vila Real


  14-01-2014 
 
A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real, tem desenvolvido nos últimos anos várias investigações na área da olivicultura com vista à sustentabilidade do sector, aumento da produção e melhoria da qualidade do azeite.

O olival, uma das principais culturas da região transmontana, tem tido um papel de destaque nos trabalhos desenvolvidos pelos investigadores do Centro de Investigação e Tecnologias Agro-ambientais e Biológicas (CITAB) da academia transmontana.

O professor Carlos Correia integra a equipa de investigadores envolvidos no projecto "Coberturas vegetais: a estratégia decisiva na gestão sustentável dos olivais de sequeiro", liderado pelo Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e que contou com um financiamento de 182 mil euros por parte da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).

De acordo com o responsável, ao longo de quatro anos foram ensaiados dois tipos de coberturas num olival transmontano, um que resultou de uma mistura de leguminosas de sementeira natural e outro consistiu em semear tremoceiro. Neste estudo, as misturas de leguminosas deram resultados «muito melhores em termos produtivos».

«Nestes quatro anos de produção tivemos um aumento médio de 53 por cento com a mistura de leguminosas anuais, com uma característica interessante que foi um aumento progressivo das produções. No último ano, o aumento foi de 126 por cento na produção de azeitona», afirmou.

O investigador salientou as vantagens da aplicação do coberto vegetal no olival, nomeadamente a redução da erosão do solo, o aumento da matéria orgânica e a maior retenção de água nos solos.

O especialista considerou a erosão do solo como um dos principais problemas ambientais na região mediterrânica e que «muitas vezes é esquecido, até pelos políticos».

Para Carlos Correia, esta técnica poderá ser uma das soluções para «manter os olivais tradicionais de sequeiro com viabilidade económica em termos futuros».

Por sua vez, Laura Torres coordenou o projecto "Incremento da biodiversidade funcional do olival, no fomento da protecção biológica contra pragas da cultura", também financiado pela FCT em 185 mil euros.

Este estudo consistiu em avaliar as «possibilidades reais de incrementar a protecção biológica de conservação no olival de forma a maximizar o impacte dos inimigos naturais das pragas da cultura».

A estratégia, segundo a investigadora, passou por identificar plantas autóctones que existem nos olivais de Trás-os-Montes, Beira Interior e Alentejo, que podem facultar alimentos aos auxiliares, como insectos predadores das pragas, para eles «actuarem com eficácia sobre os inimigos das culturas».

«A investigação tem como objectivo incrementar a biodiversidade do olival numa óptica de maximizar a protecção biológica de conservação contra pragas», salientou Laura Torres. Ou seja, usar estas espécies auxiliares na protecção do próprio olival, evitando a utilização de pesticidas.

A investigadora integra ainda a equipa que está a desenvolver o projecto OlivaTMAD, que junta a fileira, desde a produção à transformação ou embaladores.

A iniciativa OlivaTMAD - Rede Temática de Informação e Divulgação da Fileira Olivícola em Trás-os-Montes e Alto Douro, foi alvo de uma candidatura ao Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER) de 1,2 milhões de euros, e resulta de uma parceria entre a Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes (AOTAD), o Instituto Piaget de Mirandela e Macedo de Cavaleiros, o IPB e a UTAD.

Este projecto pretende disponibilizar uma base de dados através da Internet com informações sobre o sector em Trás-os-Montes, desde a produção a tratamentos a efectuar.

Fonte: Lusa

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