Segunda-feira, 30 de Abril de 2012
Seca, atraso do Alqueva, "burocracias", desvalorização dos preços dos
produtos, envelhecimento e, claro, a crise económica - são estas as
maiores "dores de cabeça" dos agricultores do Baixo Alentejo, numa
altura em que o regresso à terra é apontado como a prioridade das
prioridades para o reequilíbrio da deficitária balança comercial do
país, mais importador que exportador de produtos agro-alimentares.
"A preocupação principal e mais imediata é, sem dúvida, a falta de
chuva. E logo a seguir vem a indefinição [em torno] do projecto de
Alqueva", sintetiza ao "CA" o presidente da direcção da União das
Cooperativas Agrícolas do Sul (Ucasul) e da mesa da Assembleia Geral
da Cooperativa Agrícola de Beja e Brinches.
Luís Mira Coroa lamenta igualmente que os preços dos produtos
agrícolas continuem "baixos, apesar do consumidor não sentir essa
grande baixa", apontando o dedo à concorrência dos produtos "de outros
países, que não têm Segurança Social, segurança alimentar ou
preocupações ambientais".
Alqueva e a seca estão também no centro das preocupações do
presidente da Associação de Agricultores do Concelho de Serpa (AACS),
que acrescenta mais um motivo de apreensão: os atrasos verificados no
processo de candidaturas às ajudas comunitárias, que termina em meados
de Maio.
"Este ano, e devido à rectificação do parcelário, em Portugal
começou-se tardiamente a fazer essas candidaturas. […] A maioria dos
agricultores está a ter imensas dificuldades e a entrar em desespero
total. E não ouvimos por parte do Ministério da Agricultura nenhuma
explicação. Esta é uma preocupação muito grande, porque estão em risco
as candidaturas e as ajudas comunitárias que por direito são dos
agricultores", sublinha Sebastião Rodrigues.
Já o presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco
(AACB) acrescenta a elevada idade da maioria dos homens da terra a
este rol de problemas da agricultura baixo-alentejana.
"Isso é motivo de alguma preocupação", vinca José da Luz Pereira,
sem esquecer a falta de chuva, a crise económica ou os "preços
excessivos" dos factores de produção e da alimentação dos animais.
"São preços em constante subida e em contrapartida os preços da
produção não acompanham de maneira nenhuma esse ritmo. Pelo contrário,
estão sempre em desvalorização", afiança.
http://correioalentejo.com/?diaria=7107
Sem comentários:
Enviar um comentário