terça-feira, 5 de junho de 2012

Concentração de CO2 ultrapassa 400 partes por milhão no Hemisfério Norte

Novos dados de estações de monitoramento no Ártico revelaram que a
concentração de dióxido de carbono na atmosfera ultrapassou as 400
partes por milhão (ppm) no Hemisfério Norte. De acordo com cientistas,
esse nível é o maior já registrado nos últimos 800 mil anos – ou até
mais do que isso.

Além dos níveis registrados no Ártico, o Alasca, a Groenlândia, a
Islândia, a Mongólia e a Noruega também indicaram concentrações acima
das 400 ppm; mas como a concentração é diferente de região para região
e os níveis devem baixar um pouco no verão porque nessa época as
plantas absorvem mais CO2, os pesquisadores calculam que a
concentração média mundial deve ficar em torno de 395 ppm.

No entanto, os cientistas acreditam que essa taxa deve aumentar logo,
ultrapassando as 400 ppm brevemente. "O fato de que são 400 é
significativo. É apenas um lembrete para todos de que não resolvemos
isso, e ainda estamos em perigo", comentou Jim Butler, diretor de
monitoramento global do Laboratório de Pesquisas de Sistemas da Terra
da Administração Atmosférica e Oceânica Nacional (NOAA) dos EUA.


Antes da Revolução Industrial, o nível de dióxido de carbono na
atmosfera ficava entre 275 ppm e 280 ppm, e por mais de 60 anos esteve
estabilizado em 300 ppm – um pouco mais nas áreas urbanas.

Mas com o grande crescimento na queima de combustíveis fósseis, essa
concentração aumentou rapidamente, ultrapassando há alguns anos o
limiar de 350 ppm, que muitos cientistas dizem ser o limite para um
nível seguro de concentração de CO2 na atmosfera. Acima desse limiar,
a concentração de carbono pode levar a mudanças climáticas como
enchentes e secas mais intensas, tempestades mais frequentes etc.

"É um limiar importante. É uma indicação de que estamos em um mundo
diferente", observou Chris Field, ecologista do Instituto Carnegie,
integrante do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).

Com as crescentes emissões de CO2 na atmosfera, os pesquisadores
afirmam que é cada vez menos provável que os países consigam limitar o
aquecimento global aos dois graus indicados como sendo o limite
seguro. Na última semana, a Agência Internacional de Energia noticiou
que as emissões de carbono bateram seu recorde em 2011, chegando a
31,6 bilhões de toneladas.

"A notícia de que algumas estações mediram concentrações acima de 400
ppm na atmosfera é mais uma evidência de que os líderes políticos do
mundo – com poucas exceções honrosas – estão falhando
catastroficamente no combate à crise climática. A história não os
entenderá ou perdoará", lamentou Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA e
defensor de ações contra as mudanças climáticas.

http://ambienteja.info/ver_cliente.asp?id=176210

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