inShareA crise económica global não será suficiente para conter os
efeitos nefastos das actividades económicas no ambiente, afirmaram
hoje especialistas em Londres, durante a apresentação de um relatório
da ONU.
«Não podemos contar com a desaceleração da economia para atingir as
metas», afirmou Bernice Lee, directora de investigação do departamento
de energia, ambiente e administração de recursos da Chatham House.
Esta analista referiu um estudo, que viu disparar as emissões de
dióxido de carbono logo após um período de decréscimo coincidente com
a crise financeira de 2008.
A razão, justificou, é que o crescimento económico global «é desigual»
e alertou para que os governos que deixem de olhar para o ambiente
como uma prioridade.
«Quando recuperarmos podemos estar numa situação pior», advertiu.
Também Matt Walpole, chefe de Programa de Ambiente da ONU, referiu o
risco de as políticas de austeridade ignorarem as questões ambientais.
«A austeridade visa reduzir os défices públicos mas também temos que
reduzir a nossa dívida futura», argumentou.
O Panorama Ambiental Global 5 hoje divulgado constatou que, em 90 das
mais importantes metas e objectivos ambientais, só quatro registaram
avanços significativos.
Grande parte dos objectivos registou poucos ou nenhuns progressos ou
mesmo degradação, notou o relatório.
Uma das questões emergentes, vincou Johan Kuylenstierna, director do
Centro de York do Instituto do Ambiente de Estocolmo, é o lixo
electrónico, que regista a maior taxa de crescimento.
São geradas entre20 a50 milhões de toneladas por ano, nomeadamente de
telemóveis, computadores ou aparelhos eléctricos, portadores de
materiais químicos e outras substâncias perigosas prejudiciais ao
ambiente.
«A forma como são reciclados é feita de forma informal a questão
precisa de ser tratada de forma mais séria», defendeu.
O relatório hoje divulgado é o resultado de três anos de trabalho de
quase 600 peritos e pretende dar à comunidade internacional o panorama
do ambiente global e respectivas tendências, incluindo sobre a
atmosfera, terra, água e biodiversidade.
A divulgação acontece duas semanas antes da Rio+20, cimeira sobre
desenvolvimento sustentável, que decorrerá entre 20 e 22 de Junho no
Rio de Janeiro e reunirá representantes de 176 países e 102 chefes de
Estado.
Diário Digital com Lusa
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=576561
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