segunda-feira, 25 de junho de 2012

Marca Periquita dada como garantia à banca

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25 de Junho, 2012por Sara Ribeiro

Depois de ter acumulado prejuízos durante três anos consecutivos, o
grupo José Maria da Fonseca (JMF) vai voltar aos lucros em 2012. A
garantia foi dada ao SOL pelo vice-presidente António Maria Soares
Franco. «Aliás, se não fosse o último ano, que foi fraco em termos
agrícolas, já teríamos as contas equilibradas», acrescenta o
responsável.
A exportação foi uma peça fundamental da estratégia da dona do
Periquita e do Lancers, sendo hoje responsável por 80% do escoamento
da sua produção.

Por esse motivo, durante o próximo ano a JMF vai realizar um «projecto
de investimento na ordem dos 1,5 a dois milhões de euros virado para a
exportação», adiantou o gestor, sem detalhar mais pormenores, com o
argumento de que «ainda é confidencial».


Tendo as contas negativas e uma dívida líquida de 35 milhões de euros,
o grupo foi obrigado a pedir «a prorrogação de uma prestação do plano
de amortização de dívida. E, quando se faz um pedido destes, os bancos
com todas as regras da troika que têm hoje em dia, obviamente que
pedem reforço de garantias», detalha.

A JMF trabalha com três bancos nacionais: BES, BCP e BPI. Dentro dos
planos de dívida que detém com estas três instituições, a empresa deu
como garantias activos mobiliários e, agora, «foram pedidas algumas
das nossas marcas principais». O vinho centenário Periquita foi uma
das insígnias entregues à banca como colateral.

O vice-presidente garante, porém, que «a empresa não está minimamente
em incumprimento. Aliás, até já fez amortizações de divida
recentemente». O responsável diz que «a JMF tem excelentes relações
com os três bancos com que trabalha e a gestão tem perfeita confiança
no futuro da empresa. Por isso não houve problema nenhum em aceitar
este pedido por parte da banca».

Neste momento, o rácio de dívida sobre resultado antes de juros,
impostos e amortizações (EBITDA) é de 10 vezes, estando a ser
amortizada de ano para ano. Para António Maria Soares Franco «é uma
dívida gerível, com activos que mais do que cobrem o montante. A
valorização total dos activos anda à volta dos 75 milhões de euros,
portanto, está perfeitamente coberta pela sua valorização».



Exportações disparam

Perante a quebra das vendas no mercado interno, a JMF tem-se focado
nas exportações. «Portugal é um mercado que não está fácil. Contamos
que as vendas se retraiam este ano, obviamente, fruto da redução do
consumo. Estamos a contar que as nossas vendam caiam cerca de 5%»,
lamenta o gestor.

A evolução «positiva» na exportação deverá compensar a «menor
performance do mercado português». O grupo de Azeitão já vende 80% da
sua produção para o estrangeiro, mas quer aumentar estes números.

As marcas Periquita e Lancers são os 'cavalos de batalha' do grupo,
quer em Portugal, quer no mercado externo, representando 70% do total
das exportações.

Quanto aos principais destinos, «curiosamente é a Suécia». Além disso,
a JMF tem «uma presença muito forte no Brasil, onde o Periquita é a
marca de vinhos europeia mais vendida», sublinha. O Canadá e os EUA
também estão no mapa dos principais destinos do grupo. E o grupo tem
outros «projectos de internacionalização fortes para vários mercados
emergentes», revela.



Vendas na China sobem 100%

Brasil, Rússia, Índia, China e África – nomeadamente Angola e
Moçambique – estão no topo das prioridades do grupo para este ano.

Hoje, a Índia «já representa um volume interessante de vendas»: cerca
de 50 mil garrafas. Um número considerado muito positivo pelo
vice-presidente, uma vez que «a Índia ainda é um país protegido por
barreiras alfandegárias». O gestor explica que «é importante estar
neste país, porque mais tarde ou mais cedo estas barreiras terão de
cair e, nessa altura, as empresas que já têm um presença importante no
mercado serão aquelas que vão alavancar-se».

Já na China, o grupo português registou um aumento de 100%. As vendas
neste mercado da Ásia «ainda não chegam às 100 mil garrafas de vinho.
Mas o objectivo é que a China seja um mercado que chegue a um milhão
de garrafas vendidas num curto espaço de tempo».



O novo Periquita

A JMF produz 12 milhões de garrafas por ano, traduzindo-se numa
facturação entre 22 e 23 milhões de euros.

Um dos principais focos do grupo para este ano é o relançamento da
marca Periquita. O vinho fez 175 anos, «é a marca mais antiga do país.
E, com esta idade as marcas precisam de um rejuvenescimento»,
argumenta. A empresa decidiu, por isto, «implementar no mercado um
rebranding, trabalho que durou cerca de 18 meses a ser desenvolvido e
está agora em curso».

Para tal, foram investidos 1,5 milhões de euros. Será lançada uma
campanha multimeios em Portugal, bem como lá fora, desde o mercado
escandinavo aos EUA, Canadá, Brasil e Angola.

Depois deste projecto, outros se seguirão: «este será apenas o
primeiro passo no repensar das marcas da JMF», remata António Maria
Soares do Franco.



Parceria orginal na Rússia

Vinho, azeite, lacticínios, carne e bolachas. O que têm estes produtos
em comum, além de serem um bom petisco em conjunto? Fazem parte de uma
estratégia inovadora criada em parceria pela José Maria da Fonseca,
Sovena, Lactogal, Primor e Vieira de Castro para atacarem o mercado da
Rússia. Como explica o vice-presidente do grupo de vinhos, o objectivo
da aliança destas cinco empresas é «repartir os custos de uma
estrutura humana que vai estar nos mercados russos a vender os
produtos». Apesar de ter sido um projecto desenvolvido para a Rússia,
«não quer dizer que não possa ser um modelo a aproveitar em outros
mercados», adianta António Maria Soares Franco.

Sara.ribeiro@sol.pt

http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=52783

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