quinta-feira, 28 de junho de 2012

Produtores descontentes com o preço da carne mirandesa

Explorações de jovens agricultores contribuem para a manutenção do
efectivo na região

Os criadores de bovinos de raça Mirandesa estão desanimados com a
actividade, porque dizem que a criação não dá rendimento e a carne não
está a ser valorizada na comercialização.

As queixas foram ouvidas, anteontem, em Miranda do Douro, durante o
concurso concelhio de bovinos de raça Mirandesa, onde marcaram
presença 55 animais do concelho. "Estão a pagar-nos muito pouco pela
carne e assim nós vamos arrumar isto, porque assim não dá. Pagam mais
pelas outras raças", refere Maria Alice Preto, de Paradela.
Felizbelo Torado, de Vale d'Águia, até já vendeu as vacas. "Davam-me
mais prejuízo do que lucro. Estou aqui com as vacas do meu irmão e ele
tem-nas por gosto", garante o agricultor.

A mesma opinião é partilhada por Inês Teixeira, de Malhadas, que diz
que "não vale a pena investir na agricultura. "Eu agora tenho 34
animais, mas já tive 47, porque as rações estão muito caras e a carne
vende-se mal", afirma a produtora.
Actualmente, o efectivo da raça Mirandesa ronda os 5300 animais, um
número que é suficiente para manter a raça, que está ameaçada de
extinção. "Há que dar passos para que o efectivo cresça", refere o
secretário técnico da Associação de Criadores de Bovinos de Raça
Mirandesa, Afonso Pimentel.

75 por cento dos animais de raça mirandesa estão em explorações de
maiores dimensões, que começam a surgir na região

O veterinário aponta alguns dos desafios a seguir para que a ameaça de
extinção deixe de assombrar esta raça. "Está-se a incidir no
melhoramento de alguns aspectos que são importantes, como é o caso da
velocidade de crescimento", refere Afonso Pimentel. Além disso, "está
a tentar-se que não se perca a qualidade da carne, que é o ponto forte
da raça. Se assim for, a raça tem condições intrínsecas para que mais
criadores venham a aderir à criação e aumentar o efectivo, a médio
prazo", garante o secretário técnico.
Por outro lado, a aposta na raça por parte de jovens agricultores
poderia ser outra solução. "Hoje em dia temos mais de metade da raça,
cerca de 75 por cento, na mão de grandes explorações, detidas por
pessoas relativamente jovens. Estamos a assistir a uma substituição
dos mais novos pelos mais velhos, que continuarão a crescer e a
contribuir para o aumento do efectivo", salienta Afonso Pimentel.

http://www.jornalnordeste.com/noticia.asp?idEdicao=426&id=17383&idSeccao=3796&Action=noticia

Sem comentários:

Enviar um comentário