2 de Junho, 2012por Ricardo David Lopes
Condis e Sonae vão criar 'universidade de retalho' para formar
colaboradores do projecto do Continente em Luanda. O objectivo é
'angolanizar' ao máximo a gestão das lojas.
O projecto dos hipermercados Continente em Angola inclui a
constituição de uma 'universidade de retalho' para formar os
colaboradores locais. O objectivo, diz ao SOL fonte oficial do Grupo
Sonae – que vai abrir, em parceria com a Condis, da empresária Isabel
dos Santos, quatro a seis supermercados e um entreposto comercial em
Luanda –, é formar colaboradores em geral, mas também conseguir, a
prazo, que todos os gestores de lojas sejam angolanos.
A formação da 'universidade de retalho' é uma das componentes do
projecto, que foi já aprovado pela Agência Nacional do Investimento
Privado (ANIP) e pelo Conselho de Ministros, estando agora em análise
no Ministério das Finanças. A primeira loja desta parceria
luso-angolana – na qual o grupo português detém uma participação de
49% – deverá abrir em 2013 e as seguintes nos anos subsequentes.
«Queremos muito rapidamente construir competências de gestão próprias
no terreno», garante a fonte da Sonae ao SOL, explicando que a chamada
Sonae Retail School tem desempenhado «um papel essencial» na formação
dos colaboradores da retalhista em Portugal, havendo
«boas-expectativas» para o projecto em Angola, onde será dada formação
específica, incluindo em gestão e formação de formadores angolanos.
Em Portugal, a 'escola' do grupo liderado por Paulo Azevedo tem cerca
de 3.900 formadores e, segundo fonte oficial da empresa, «mais alunos
do que a maior universidade do país». No último ano, a Sonae Retail
School forneceu cerca de 1,5 milhões de horas de formação aos
colaboradores do grupo, «cujo espírito crítico e inovador» é
incentivado.
A Sonae Retail School tem em funcionamento 22 escolas, incluindo a
Escola de Perecíveis, a Escola Worten, a Escola de Liderança e a
Escola de Gestão, em que os colaboradores «frequentam escolas de
Negócios para estudos pós-graduados, e melhoram conhecimentos e
competências para diferentes negócios do retalho».
Produtores também ganham
«Os programas de formação abrangem uma panóplia de áreas, desde a
comercial e vendas, vertente técnica da Escola de Perecíveis, aos
processos e sistemas, fornecedores, produtos, gestão ambiental e
higiene e segurança no trabalho», explica a fonte da Sonae que,
juntamente com a Condis, prevê investir mais de 100 milhões de dólares
no projecto do Continente para Angola.
A 'universidade de retalho' é uma das componentes inovadoras da
operação do grupo líder de mercado em Portugal, que vai ser replicada
em Angola, «diferenciando o projecto» dos restantes que já existem e
dos que estão previstos para o país. A outra é a constituição no país
africano de uma estrutura semelhante ao chamado Clube de Produtores
português. O objectivo, explica a fonte da Sonae, «é contribuir para
estimular, a partir da distribuição, o desenvolvimento do sector
produtivo agrícola» angolano.
A inclusão desta componente no projecto, adianta a fonte, foi, aliás,
uma «grande preocupação do parceiro angolano». O Clube de Produtores é
composto por agricultores e fornecedores de alimentos e outros bens,
que assim vêem garantido o escoamento da sua produção, ou de parte
dela, reduzindo o risco do negócio e contribuindo para maior
incorporação de produtos nacionais nas lojas do projecto.
A introdução da 'escola de retalho' e do Clube de Produtores são dois
aspectos que introduzem «algumas complexidades» na análise estatal ao
projecto, mas o Grupo Sonae mantém a expectativa de que a primeira
loja possa arrancar na data prevista (ver texto ao lado).
ricardo.d.lopes@sol.co.ao
http://sol.sapo.pt/Angola/Interior.aspx?content_id=51024
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