30.03.2012
PÚBLICO
Dois estudos científicos, agora publicados na revista Science, revelam
que os pesticidas mais usados no mundo estão a contribuir para o
declínio das populações de abelhas e de abelhões e que, por isso, os
processos de autorização devem ser reavaliados.
Em ambas as investigações estudaram-se os efeitos dos neonicotinóides,
introduzidos na década de1990 e que se tornaram os insecticidas mais
comuns em todo o mundo, no sistema nervoso central das abelhas. Elas
têm estado a morrer no mundo inteiro, nas últimas décadas, o que se
atribuiu também à infecção por alguns fungos.
A equipa, coordenada por Penelope Whitehorn, da Universidade de
Stirling, no Reino Unido, olhou para os efeitos dos imidacloprides, um
tipo de neonicotinóide que a Direcção-Geral de Agricultura portuguesa
considera "extremamente perigoso para abelhas" e aves.
Durante seis semanas, Whitehorn e os colegas expuseram colónias de
abelhões da espécie Bombus terrestris a baixos níveis de
imidacloprides, semelhantes àqueles a que estes insectos são expostos
na natureza. Os investigadores concluíram que as colónias eram entre 8
a 12% mais pequenas do que aquelas que não foram expostas ao
insecticida. Além disso, produziram 85% menos rainhas. "Os abelhões
polinizam muitas das nossas culturas e flores selvagens. O uso de
neonicotinoides coloca, claramente, uma ameaça à sua saúde e precisa
de ser reavaliado com urgência", disse Dave Goulson, da mesma
universidade e co-autor do artigo, citado num comunicado.
O outro artigo - da equipa de Mickaël Henry, do Instituto Nacional
francês para a Investigação Agrícola (INRA) – estudou os impactos de
um outro neonicotinoide, o tiametoxame, também considerado pela
Direcção-Geral de Agricultura portuguesa "perigoso para as abelhas" e
que não se deve aplicar na época da floração das plantas. Estes
investigadores colocaram microships em cada abelha para seguir os seus
movimentos ao entrar e sair das colmeias. Nalguns animais, os
cientistas aplicaram uma dose de tiametoxame: a probabilidade de
morrerem fora das colmeias aumentou duas a três vezes, porque este
insecticida interferiu com as suas capacidades de orientação. "As
colónias de abelhas expostas a este químico entram num processo de
declínio do qual já será muito difícil recuperar", concluíram os
cientistas.
Os níveis deste insecticida considerados não letais para as abelhas
poderão estar subestimados, os autores do estudo salientam os autores
do estudo. "Muitas vezes, os fabricantes de insecticidas desconhecem
as consequências das doses que não chegam a matar os animais, mas que
causam alterações nos seus comportamentos", concluiu Mickaël Henry.
http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1539929
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