3 de Junho, 2012por Sónia Balasteiro
No ano passado, 12 mil turistas pediram informação ao balcão de
atendimento da Rota do Vinho do Porto por estarem interessados em
passar férias naquela região. Um número que corre agora o risco de
diminuir devido à polémica em torno da Barragem do Tua e da
possibilidade de a Unesco retirar a classificação de Património da
Humanidade à zona do Alto Douro Vinhateiro.
«Estamos todos preocupados porque não se está a falar da região pelas
melhores razões», avisa António José Teixeira, presidente da Rota e da
Associação de Empresários Turísticos de Alto Douro e Trás-os-Montes.
Segundo o responsável, as linhas de alta tensão previstas para a
barragem podem assustar os turistas. «A médio ou longo prazo isto terá
muito impacto no turismo», diz, criticando o facto de não se apostar
antes na promoção de uma região que «está na moda».
António Teixeira diz que este cenário negro foi agora agravado com a
polémica relacionada com a Unesco e as obras da barragem. «Mas eu não
acredito que a região seja desclassificada. Isto porque estão em causa
grandes empresas como a REN e a EDP, que irão fazer os compromissos
necessários para resolver a situação». Uma das hipóteses será desviar
as linhas de alta tensão que ligam a Barragem do Tua à subestação de
Armamar e que atravessam a região classificada como Património
Mundial.
Neste momento, nada está, porém, decidido. O ICOMOS, órgão consultivo
da UNESCO para as questões do património construído, tem manifestado
«fortes dúvidas» sobre o estado de conservação desta região,
classificada há dez anos.
E não poupou críticas ao Governo por não ter incluído no dossiê de
candidatura a Património da Humanidade o projecto do Tua, apesar de a
sua construção estar já prevista no Plano Nacional de Barragens.
Segundo adiantou ao SOL fonte oficial da UNESCO, deverá ser tomada uma
decisão em Julho. Nó nessa altura irá reunir-se, em São Petersburgo, o
Comité, que irá decidir se as obras têm de parar, sob pena de a região
perder a classificação, ou se aceita as alterações propostas pelas
empresas energéticas e pelo Estado português. Aliás, fonte oficial do
gabinete de Assunção Cristas explicou ao SOL que o Ministério do
Ambiente está aberto a debater e esclarecer algumas questões. Mas
afasta responsabilidades, recordando que este Governo ainda não tinha
tomado posse quando se deu o «arranque da obra e a candidatura do Alto
Douro Vinhateiro a Património Mundial».
sonia.balasteiro@sol.pt
http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=51095
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