31-03-2014
Os produtores de cereais devem estar atentos ao comportamento das bolsas mundiais onde estes são transaccionados e usar essa ferramenta para vender melhor os seus produtos, defendeu o especialista em mercados agrícolas, Paulo Costa e Sousa.
«Para o produtor de cereais é fundamental tomar consciência de que o mecanismo de formação de preço depende da importação e a importação depende da bolsa de futuros, há que estar atento e perceber esses movimentos da bolsa», destacou.
Para o responsável da Louis Dreyfus Commodities, uma multinacional que opera no mercado de bens transaccionáveis, os agricultores tendem a deixar de ser meros produtores agrícolas para se transformarem em empresários e é preciso saber vender a produção, um aspecto que está pouco desenvolvido em Portugal.
«O produtor português é excelente do ponto de vista técnico. Do ponto de vista comercial está francamente abaixo da média», comentou, acrescentando que é importante aprender a usar instrumentos como a bolsa de futuros.
«Uma vez que os preços estão indexados à importação e que a importação está indexada à bolsa de futuros há que começar a olhar para esta ferramenta de maneira a formular uma opinião de mercado que aumente a possibilidade de sucesso» das vendas, salientou Paulo Costa e Sousa, afirmando que é a partir daqui «que o agricultor vai tirar conclusões sobre quando e o que há-de vender, quando semear, a margem que vai fazer…».
Quando compram contratos de futuros, os investidores compram determinados activos numa data futura ao preço acordado hoje, o mesmo acontecendo com a venda.Os preços dos cereais regem-se pelos indexantes da bolsa de futuros de Chicago, que variam em função da colheita e do consumo, ou seja, segundo a lei da oferta e da procura, mas também de acordo com as operações dos fundos financeiros.
Os fundos financeiros baseiam-se em análises de comportamento dos mercados para comprar ou vender contratos de futuro que englobam vários tipos de operações financeiras, como a cobertura de risco ou outras, meramente especulativas, explicou Paulo Costa e Sousa, ressalvando que a especulação significa «apenas uma tomada de risco» para os investidores, sem sentido depreciativo.
Ou seja, o comportamento da bolsa de futuros nem sempre é determinado por factores como a abundância ou escassez de colheitas. «Como o peso dos fundos financeiros é muito grande, muito maior do que o de todas as companhias que transaccionam o cereal em físico, isso pode determinar movimentos da bolsa até “anti-natura”», reforçou.
O tema vai ser abordado em Salvaterra de Magos, no Fórum Baycereais organizado pela Bayer Cropscience, num evento que visa debater questões ligadas às culturas dos cereais, sobretudo o milho, englobando a problemática do mercado e a protecção das culturas.
Fonte: Lusa
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