quinta-feira, 31 de maio de 2012

Uma em sete pessoas sofre de fome no mundo

30.05.2012 12:44
VIDA


Uma em cada sete pessoas no mundo sofre de fome, alertou hoje o
diretor-geral da agência da ONU para a Alimentação e a Agricultura
(FAO), considerando a cimeira Rio+20 uma "oportunidade de ouro" para
abordar a segurança alimentar.
As palavras de José Graziano da Silva surgem no prefácio de um
relatório da FAO divulgado hoje e que se dirige aos participantes da
conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável (Rio+20), que
vai decorrer no Rio de Janeiro entre 20 e 22 de junho.

"A visão Rio de um desenvolvimento sustentável não pode realizar-se
enquanto a fome e a malnutrição não forem erradicadas". Esta é a
primeira mensagem do documento, que estima em 900 milhões as pessoas
que hoje passam fome no mundo.

Para Graziano da Silva, não se pode falar de desenvolvimento
sustentável "enquanto quase um em cada sete homens, mulheres e
crianças ficarem para trás, vítimas de subnutrição".

Além dos que passam fome, sublinha o documento da FAO, há mais de mil
milhões de pessoas que sofrem de malnutrição - ingerem calorias
suficientes, mas faltam-lhes nutrientes essenciais, como proteínas,
vitaminas ou minerais.

Considerando que na cimeira do Rio há uma "oportunidade de ouro" para
explorar a convergência entre as agendas da segurança alimentar e da
sustentabilidade, o diretor-geral sublinha que tanto uma como outra
requerem mudanças ao nível da produção e do consumo.

"Para alimentar uma população que deverá atingir os nove mil milhões
em 2050, a FAO estima que seja preciso aumentar a produção agrícola em
pelo menos 60 por cento nas próximas décadas", afirma, sublinhando
que para atingi-lo é preciso mudar a forma como se come e encontrar
formas de alimentar o mundo sem precisar de produzir tanto.

É preciso mudar para dietas mais saudáveis nos segmentos mais ricos
da população e diminuir o desperdício alimentar, que leva o mundo a
deitar fora 1,3 mil milhões de toneladas de alimentos por ano - o
equivalente a um terço da produção alimentar para consumo humano -,
entre a produção e o consumo.

Mas mesmo que se conseguisse aumentar a produção em 60 por cento,
ainda haveria 300 milhões de pessoas com fome em 2050, porque ainda
lhes faltariam os meios para aceder à comida, recorda Graziano da
Silva, referindo-se àqueles para quem a fome não se deve à falta de
produção, mas sim ao acesso inadequado.

Segundo a FAO, mudar isto implica criar empregos decentes, pagar
melhores salários, dar acesso a ativos produtivos e distribuir o
rendimento de forma mais equitativa.

A organização apela por isso aos participantes do Rio+20 que assumam
seis compromissos, incluindo acelerar a redução da fome e da
malnutrição e apoiar os esforços de todos os atores do setor
alimentar e agrícola, especialmente nos países em desenvolvimento.

É que, sublinha a FAO, os milhões de pessoas que gerem sistemas
agrícolas -- desde o mais pobre ao mais industrializado - constituem
o maior grupo de gestores de recursos naturais do mundo.

"As suas decisões, assim como as dos sete mil milhões de consumidores,
são a chave da segurança alimentar e da saúde dos ecossistemas
mundiais", pode ler-se no relatório da FAO, para quem o desafio para
os participantes do Rio+20 é apoiar decisões melhores, construindo
sistemas agrícolas e alimentares mais eficazes e inclusivos

http://sicnoticias.sapo.pt/vida/2012/05/30/uma-em-sete-pessoas-sofre-de-fome-no-mundo

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