A BLC3 – Plataforma de Desenvolvimento da Região Interior Centro acaba
de ver aprovados, através dos fundos comunitários da União Europeia,
dois projectos de inovação tecnológica para alavancar o
desenvolvimento da produção de dois grandes embaixadores da
gastronomia portuguesa: o Queijo Serra da Estrela DOP e os cogumelos
silvestres nativos.
Naquele que é considerado como um dos melhores queijos do mundo, mas
que tem estado sujeito a uma grande indisciplina de mercado,
arriscando-se mesmo a entrar em vias de extinção – na região demarcada
só 10 por cento do queijo é produzido com leite da raça Bordaleira
Serra da Estrela, sendo o restante fabricado com leite importado de
Espanha e de outras regiões –, a BLC3 pretende agora, em parceria com
a Universidade do Minho e uma conceituada queijaria da região
demarcada, a Casa Matias, desenvolver um projecto de investigação
aplicada.
O projecto aprovado, que obteve um financiamento de € 259.000, através
de fundos comunitários, destina-se única e exclusivamente ao Queijo
Serra da Estrela certificado, e compreende os seguintes passos:
1) Criação de um "kit" analítico que diferencie o queijo produzido com
o leite da raça Bordaleira Serra da Estrela daquele que incorpora
leite importado de Espanha ou de outras regiões geográficas;
2) Eliminação dos bolores, que dificultam a conservação do queijo após
os 35 a 40 dias de cura;
3) Fatiagem do produto em doses individuais para responder aos novos
padrões de consumo, com embalamento no auge da qualidade, através de
uma embalagem que mantenha a textura da fatia e permita a sua
conservação, sem bolores.
Com este choque tecnológico numa riqueza regional que foi considerada
como uma das sete maravilhas da gastronomia portuguesa, um dos grandes
objectivos passa por criar condições efectivas para que o queijo possa
entrar em mercados gourmet nacionais e internacionais a que hoje não
tem acesso, podendo ser substancialmente valorizado, e invertendo-se
assim o desinteresse na produção a que se vem assistindo.
Desenvolver a produção de cogumelos silvestres nativos no interior do país
Relativamente à outra candidatura – já com garantia de financiamento
da União Europeia – está em causa o lançamento de um projecto
biotecnológico para alavancar o desenvolvimento da produção de
cogumelos silvestres no interior do país.
Neste projecto, com um incentivo financeiro aprovado no montante de €
263.000, a BLC3, numa parceria estabelecida com o Centro de Ecologia
Funcional da Universidade de Coimbra e a Voz da Natureza – uma empresa
incubada na BLC3 com actividade na área da investigação científica e
tecnológica para o desenvolvimento de produtos inovadores – , pretende
fomentar na região interior centro do país a produção de inóculo de
cogumelos silvestres nativos e investigar as biomoléculas e as
condições para a produção de trufas – fungos do solo que formam
cogumelos subterrâneos e que, nos mercados internacionais, têm uma
cotação que varia entre os 400/500 euros por quilo.
Num território com elevada capacidade de produção de cogumelos nativos
– em Portugal o potencial industrial, económico e ambiental associado
aos cogumelos silvestres, tem sido subvalorizado – a BLC3 propõe-se
avançar com um Centro de Micologia Aplicada, por forma a alavancar o
desenvolvimento de uma nova economia na região, através da valorização
do território e dos melhores recursos que esta gera.
Note-se que a exploração deste tipo de produtos – os ecossistemas
florestais "escondem" uma ampla diversidade de cogumelos silvestres
que poderão ser altamente valorizados nos mercados internacionais – é
de grande potencial. Porém, Portugal – ao contrário do que já acontece
com países como Espanha, França e Itália – não apresenta fluxos
comerciais significativos nesta área que pode gerar actividades
empresariais com elevado retorno económico.
Fonte: BLC3
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2012/07/20a.htm
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