Lusa
22 Jan, 2014, 12:22
A Associação Distrital de Agricultores da Guarda (ADAG) apelou hoje ao Governo que proceda à "imediata anulação" das novas exigências fiscais, por estar em causa o futuro da agricultura familiar.
"Ao ir por diante esta lei, é a última machadada. Os anteriores governos puseram a agricultura moribunda e estes senhores deste Governo vêm fazer o funeral", disse à agência Lusa o presidente da ADAG, António Machado, durante a realização de uma manifestação em frente das instalações da Segurança Social, na Guarda.
Todos os agricultores com atividade comercial, para além do pagamento da prestação mensal para a Segurança Social, vão passar a ser obrigados a declarar o início de atividade e têm de passar fatura de todas as transações comerciais, terminando o prazo de inscrição nas Finanças no dia 31 de janeiro.
"O país não é todo igual. O pequeno agricultor não é igual ao agricultor do Alentejo com dois, três, quatro ou cinco mil hectares de terra. Têm que anulá-la ou reformá-la [a legislação], porque nenhum pequeno agricultor pode pagar à Segurança Social 124 euros e, depois, para poder vender o seu produto, ainda tem de ser coletado", denunciou António Machado.
Os cerca de 150 agricultores presentes na contestação exibiram cartazes com reivindicações e preocupações e tentaram pagar as prestações sociais à Segurança Social com vários produtos agrícolas como maças, couves, nabos, abóboras, cebolas, azeitonas, milho e cenouras, entre outros.
Junto dos produtos colocados na rua, em frente do edifício da Segurança Social foi colocado um cartaz com a justificação: "Já nos tiraram todo o dinheiro. Só podemos pagar com o que produzimos".
Os participantes na concentração exibiram bandeiras pretas e entoaram a canção de Zeca Afonso "Grândola Vila Morena" e o hino nacional.
Também ergueram cartazes e tarjas com as mensagens: "Governo e `troikas` assassinam a agricultura" e "Este Governo é o coveiro da agricultura familiar".
Rosa Celeste, de 67 anos, agricultora em Gouveia, viajou até à Guarda para participar na manifestação e denunciar que os agricultores da região não escoam os seus produtos.
"Se não vendemos nada, como é que podemos pagar à Segurança Social?", questionou.
Diamantino Andrade, de 58 anos, de Celorico da Beira, desafiou o Governo a aplicar uma medida que leve cada agricultor a pagar as taxas consoante os rendimentos, alegando que "não podem pagar todos o mesmo valor".
"O agricultor trabalha de sol a sol, os fatores de produção são caros e, no final, não consegue vender os seus produtos", alertou.
Manuel Madeira, de 61 anos, de Seia, disse à Lusa que os agricultores da região passam por dificuldades económicas e "não ganham para pagar ao Estado".
O protesto, iniciado pelas 10:00, terminou uma hora e meia depois, após uma delegação da ADAG ter entregado um documento ao diretor do serviço distrital de Segurança Social com as preocupações dos agricultores da região.
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