Isabel Soares criou uma cooperativa que se dedica a recolher os alimentos que os agricultores não conseguem vender nos mercados e nas grandes superfícies pornão corresponderem aos padrões. Até agora a Fruta Feia evitou o desperdício de 4,2 toneladas de alimentos
As pequenas caixas de madeira vão-se enfileirando no chão, ao longo do grande salão da Casa Independente, no Largo do Intendente em Lisboa, que à noite se enche com gente que quer beber um copo e ouvir música. Ali, entre o grande espelho pregado à parede, o candelabro, a bola de espelhos e o palco com um gigante leopardo pintado, a fruta feia e os legumes com excesso de peso - como a courgette com o dobro do tamanho que não cabe nas cuvetes de transporte, ou a couve-coração que parece ter tido um desgosto amoroso e ficaria para último na prateleira - vão-se acumulando nas caixas. Aquilo que iria para o lixo é agora convertido em alimento.
É já perto das três horas da tarde quando Isabel Soares vai buscar a balança, pronta para começar a pesar e a distribuir pelas ditas caixas os alimentos recolhidos na mesma manhã. A couve-coração, as courgettes, as cebolas, as maçãs, o feijão-verde, os brócolos, as laranjas e as physalis, ou, melhor dizendo, um colorido de vegetais saudáveis que são recusados pelas grandes superfícies. Estes alimentos não são comercializados porque não têm o tamanho padronizado, ou, como dizem, "têm o calibre fora do standard", ou ainda porque nasceram deformados.
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