quarta-feira, 18 de Abril de 2012 | 17:05
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O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP)
contestou hoje a entrega de 600 hectares de terra que restavam da
reforma agrária, salientando que há situações ainda em litígio,
criticando o Governo por fazer propaganda com "terrenos roubados".
João Machado afirmou, à saída de uma audiência com o presidente da
República, Aníbal Cavaco Silva, que a reforma agrária é um período da
História que "foi mal resolvido", mas que "estava enterrado" até ser
"ressuscitado" na semana passada com a entrega de 600 hectares a
alguns agricultores.
"Transmitimos ao senhor presidente da República que esta é uma matéria
que ainda estando em litígio com os agricultores é muito melindrosa e
não gostaríamos de ver referida como propaganda do Governo, ou do que
quer que seja, porque não tem nada a ver com o desenvolvimento da
agricultura portuguesa e cria instabilidade e desagrado entre os
agricultores", declarou.
O presidente da CAP comentava desta forma a iniciativa da ministra da
Agricultura, Assunção Cristas, que anunciou na semana passada um
leilão de 600 hectares de terra que restavam da "reforma agrária".
Segundo a ministra, a colocação dessas terras em leilão é um primeiro
sinal de que "o Estado não quer açambarcar mais terras", mas a CAP não
viu a iniciativa com bons olhos.
"Lutámos muito contra a reforma agrária e aqueles tempos de 75.
Sentimos que estes terrenos foram roubados aos agricultores. Alguns
foram devolvidos, outros indemnizados, outros (poucos) ainda estão em
tribunal. Falar em terrenos da reforma agrária como uma devolução
positiva a uns agricultores, enquanto há outros agricultores que se
sentem espoliados porque esses terrenos não lhes foram devolvido não é
a melhor maneira de promover a agricultura portuguesa", criticou João
Machado.
Para o dirigente da CAP, esta "é uma matéria que deve ter contenção
por parte dos agentes políticos, porque mexe profundamente com os
agricultores portuguese e com a CAP.
João Machado expressou também ao Presidente da República as suas
preocupações quanto aos atrasos das candidaturas dos agricultores às
ajudas comunitárias, cujos "procedimentos burocráticos não estão a
correr da melhor maneira".
O dirigente da CAP adiantou que há problemas informáticos nos sistemas
do ministério da Agricultura e relacionados com as alterações do
parcelário que estão a atrasar os processos e teme que os agricultores
não recebam os apoios relativos aos prejuízos resultantes da seca até
31 de maio como estava previsto, nem o adiantamento das ajudas que foi
pedido à União Europeia.
Diário Digital com Lusa
http://dinheirodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=179020
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