sexta-feira, 20 de abril de 2012

Elas não produzem para marcas próprias

2012.04.20 (00:00) Portugal
A grande distribuição está a encher cada vez mais as prateleiras dos
supermercados e hipermercados com marcas próprias, que são produzidas
pelas empresas que, no mesmo espaço, vendem os produtos com as suas
marcas. Nesta arrumação dos lineares há, porém, multinacionais que não
se juntam à concorrência, insistindo em valorizar as suas insígnias:
recusam-se a produzir para marcas próprias.

A Nestle não só não abre as suas fábricas a clientes externos como
assume isso nas embalagens de alguns dos produtos como o Nestum.
Cerelac e os cereais de pequeno-almoço. "O nosso objectivos é o
crescimento das nossas marcas, que são o veículo da inovação
resultante do trabalho de pesquisa e de desenvolvimento", refere
António Reffóios, director-geral da Nestlé.

Questionado sobre o aumento crescente das marcas próprias, que já
representam 36,6% das vendas nos supermercados, António Reffóios
sustenta que o mercado é dinâmico e cada marca tem o seu território.
"Cabe ao consumidor fazer a sua escolha de acordo com os seus próprios
critérios", remata.

Até à data, a Associação Portuguesa para a defesa do Consumidor (DECO)
não recebeu reclamações contra as marcas próprias. A maioria dos
contactos com esta associação prende-se com a necessidade de
aconselhamento sobre a qualidade destes artigos. "Nos nossos testes
incluímos produtos de marca própria e muitas vezes são os que têm mais
qualidade", garante Paulo Fonseca, jurista do gabinete de estudos da
DECO.

Quanto à diminuição da diversidade nas prateleiras, e consequente
limitação da liberdade de escolha, Paulo Fonseca avança que até ao
momento não há queixas. "para nós DECO é importante que haja
diversidade, até por questões concorrenciais", diz.

Industria explora produtos mais baratos
Capitalizando a tendência para a poupança, a Nestlé rotulou alguns dos
seus produtos – como o Nestun, o Directo ao forno da Maggi e o Nescafé
Galão – com o selo de Produtos de Posicionamento Popular (PPP). "São
produtos que pelo seu preço se enquadram dentro daquilo que se designa
cmo compra inteligente, aquilo que os consumidores estão disposta a
pagar por acto de compra", explica António Reffoios, sustentando que
as marcas de fabricante não são necessáriamente mais caras".

Também os pudins e gelatinas Royal assumem nas embalagens que não
produzem para terceiros. A Kraft Foods (que detém a marca Royal)
escusa-se a falar sobre esta opção, salientando apenas a importância
da inovação na relação com o consumidor. A mesma posição é seguida
pela Danone, que se centra na inovação como forma de fazer face à
concorrência mais barata.

A Arbora&Ausónia – que produz os pensos higiénicos Evax e Tampax e as
fraldas Dodot e Lindor – também segue esta regra. "Uma marca é
reconhecida pelo seu sabor, cores, características e até pelo traço
do seu logotipo. Temos um compromisso com os nossos consumidores, em
que oferecemos os produtos das nossas marcas que melhor satisfaçam as
suas necessidades e que lhes adicionam um maior valor acrescentado.
Fabricar para outros seria romper com este compromisso", sustenta
Ricardo Sousa Machado, director de organização e finanças da
Arbora&Ausónia.

O responsável da multinacional de higiene pessoal considera que é
possível que as primeiras marcas sobrevivam sem produzir marcas
próprias. "As marcas de fabricante fazem fortes investimentos em
investigação e desenvolvimento de novos produtos. Este trabalho é
desde sempre reconhecido pelo consumidor" acrescenta. Ricardo Sousa
Machado não faz sequer contas ao quanto a Arbora&Ausónia perde por
seguir este caminho. "Desde que foi fundada, a nossa empresa sempre
teve a política de não produzir para terceiros. Essa é uma análise que
nem sequer planeámos", diz.

Este responsável reconhece que o actual contexto económico o
crescimento das marcas próprias tem impacto no negócio que dirige.
"Apesar disso continuamos a liderar o mercado português na maioria das
categorias em que estamos", salienta. Também a Arbora&Ausónia quis
marcar posição no terreno de baixo custo, lançando em 2009 a gama
Dodot Básico, com um preço inferior.

Como saber quem produz o quê?
· As marcas da distribuição não são obrigadas por lei a divulgar nos
rótulos dos seus produtos quem são os fabricantes. Só têm de divulgar
a origem do produto e o lote.
· Se a empresa de distribuição não divulgar o produtor – e é frequente
isso acontecer – o consumidor final não tem acesso a essa informação.
· Se quiser saber se uma marca é portuguesa e o rótulo não o
especificar, pode tentar através do código de barras: o prefixo
associado a marcas nacionais é o 560. Mas isso não significa que seja
forçosamente produto nacional: marcas estrangeiras comercializadas por
empresas com registo comercial em Portugal podem utilizar este
prefixo.

FONTE: Expresso

http://www.anilact.pt/informacao-74/5617-elas-nao-produzem-para-marcas-proprias

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