sexta-feira, 20 de abril de 2012

Marcas da distribuição já representam 36,6% das vendas

2012.04.20 (00:00) Portugal
A tendência não é nova mas tem-se intensificado: um em cada três
produtos que os portugueses compram nos supermercados e hipermercados
já têm no rótulo o símbolo das respectivas lojas. Os últimos
indicadores da Nielsen, referentes a Fevereiro, revelam que a quota
das marcas da distribuição atingiu já os 36,6%, quando em igual mês do
ano passado se situava nos 34%. A directora-geral da Associação
Portuguesa de Empresasa de Distribuição (APED), Ana Isabel Trigo
Morais, explica o fenómeno com o facto de estes produtos permitirem
aos operadores da distribuição "diferenciar a sua oferta", ao mesmo
tempo que "são percepcionados pelo consumidor como tendo boa qualidade
e bom preço".

Apontada como grande pilar do acréscimo na venda destes produtos, a
relação qualidade-preço ganha ainda maior importância em "períodos de
grande pressão sobre o consumo", como a crise que o país atravessa:
mesmo que a qualidade esteja abaixo da oferecida pelas marcas dos
fabricantes, os produtos da distribuição "permitem ao consumidor
satisfazer as suas necessidades, comprando o mesmo tipo de cabaz e ao
mesmo preço , com outros produtos de custo inferior", sintetiza a
responsável da APED.

Do lado dos fabricantes, no entanto, a perspectiva é diferente. "Este
crescimento das marcas da distribuição reduz a oferta de produtos, de
características e até de preços. A prazo, isto significará que teremos
menos diversidade nas prateleiras e menos inovação no sector"
argumenta João Paulo Girbal, presidente da Centromarca – Associação
Portuguesa de Empresas de produtos de Marca.

Em causa está o facto de as empresas de distribuição estarem a
provocar um desequilíbrio no mercado". "Ao mesmo tempo que têm as suas
marcas, as empresas de distribuição são também os donos das
prateleiras", alerta, antes de apontar casos práticos dos problemas
criados por esse cenário.

"Há situações em que é fortemente sugerido ás marcas que, para estarem
em algumas lojas, têm de produzir também os produtos para as marcas de
distribuição", exemplifica. A esse propósito, aliás, João Paulo Girbal
admite que, se há situações em que os fabricantes se vêem na
"obrigação" de aceitar essas sugestões, também há muitos casos em que
o fazem pela necessidade de não perderem ainda mais negócios ou quotas
de mercado – ou seja, os fabricantes preferem produzir as marcas da
distribuição, mesmo que isso os torne concorrentes das suas próprias
marcas.

Mas, ressalva Girbal, "é preciso quebrar o mito de que são as mesmas
fabricas que fazem os produtos de marca e os produtos de distribuição:
os produtos não soa os mesmos e não têm a mesma qualidade". Enfatiza.
No entender da APED, no entanto, esta é uma falsa questão. "Nas
prateleiras dos supermercados está o que o consumidor procura e o
satisfaz correctamente as suas necessidades. Se o cliente quiser um
produto de marca, ele aparece", sintetiza Ana Isabel Trigo Morais.

O presidente da Centromarca entende, no entanto, que "não pode recair
sobre o consumidor a responsabilidade de inverter" as ameaças que
perspectiva no crescimento das marcas da distribuição. " O consumidor
é gerido pelo preço", constata, apelando a que o legislador "corrija
os desequilíbrios".

FONTE: Expresso

http://www.anilact.pt/informacao-74/5616-marcas-da-distribuicao-ja-representam-366-das-vendas

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